domingo, 11 de março de 2012

OSM: COMENTÁRIO SOBRE O FILME “COMO ENLOUQUECER SEU CHEFE”


UNEF - UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA
DISCIPLINA: OSM - ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS
TURMA: ADMINISTRAÇÃO 3º SEMESTRE
DOSCENTE: PROFESSORA ALESSANDRA BASTOS


Obs.: As imagens foram retiradas do filme original, tendo seus direitos autorais preservados, sem objetivos comerciais.
 




Um filme de Mike Judge, lançado em 1999, numa época de nova economia e das explosões de empresas de internet nos EUA, retrata de forma comediante o comportamento de dois empresários da Califórnia. O primeiro é acionista de uma empresa de rede de internet que dá suporte a um banco; o segundo é dono de uma lanchonete que vende a imagem da alegria em vender lanches. Nessas empresas, estão os operários, obrigados a vender sua força de trabalho de forma dinâmica, proativa e com eficácia, a base de falta total de motivação e recompensa, tendo que aceitar o comportamento estranho do ambiente, “engolindo” toda e qualquer retaliação, para não serem demitidos, porque precisam pagar suas contas.



Se formos comparar isso com a filosofia de Karl Marx, que abordou sobre “o trabalho estranho” (1844) como sendo a característica essencial da atividade do trabalho na sociedade capitalista, veremos nitidamente a que “o homem que trabalha está alienado do produto e do processo de sua atividade de trabalho, além de estar alienado de si e de outros”. Essa condição impede o desenvolvimento do Ser genérico do homem por causa dos obstáculos implantados por quem estão no poder, e aceito por toda a sociedade, logo implantada historicamente, e que atualmente vêm rompendo esses paradigmas cada vez mais e com velocidade crescente.



Apesar de abordar de forma séria essa problemática social, o filme foi retratado de forma comediante.  Quem ainda passa por essa situação, que ainda insiste em existir, se identifica e talvez repense sobre seus próprios valores. O autor do filme descreve ironicamente o comportamento infeliz do funcionário chamado Peter Gibbsons, um programador de computadores da empresa Initech Corporation, que tem seu cotidiano mecanicamente padronizado, estressado pela rotina e oprimido pelo chefe. De repente, depois de uma sessão de hipnoterapia, seu comportamento e atitudes mudam radicalmente, passando a descumprir horários, agindo de forma contrária e vingativa do que foi determinado. O mais interessante é o fato de ser elogiado por especialistas em produtividade na medida em que se rebelava, ganhando até uma promoção a gerente num período em que vários colegas de trabalho são demitidos.



Há também um personagem de fundo, Milton Waddams, que não é visto com dignidade nem pelo chefe e nem pelos próprios colegas, que verdadeiramente trabalha e com a parte mais importante da empresa: a contabilidade.  Esteve sendo transferido todo dia de lugar até alocar no porão do escritório, além de ser passado pra trás até na hora de pegar um pedacinho de bolo do dia do aniversário do chefe. A única coisa que ele questionava era o salário atrasado e a necessidade de estar num local em que não pudesse ser incomodado, porque ele lidava com muitos papeis e contas. Esse personagem também manifestava insatisfação pelo trabalho, levando com paciência as injustiças até que um dia ele, o mais disciplinado dos funcionários, chegou ao seu limite e tornou-se o responsável pela perda total de toda uma empresa, incendiando-a e roubando um envelope que continha mais de U$ 500 mil dólares, passando a acreditar que só assim as coisas se resolvem.




Nos dias atuais, podemos comparar isso com a nova onda de trabalhadores revoltados e pré-fabricados, que já entram na empresa com um comportamento bipolar: no início entra com toda a motivação, com a intenção de mostrar serviço, e quando se depara com a falta de valorização pessoal, reconhecimento profissional, alimentação de incentivos, esse mesmo funcionário pode representar ameaças para empresa. Na maioria das vezes, esses tipos conhecem a fundo por onde correm as “veias” e podem num só golpe cortar uma “artéria” da companhia, fazendo-a desestruturar consideravelmente.



O filme ainda desenvolve-se com uma série de personagens curiosos que traduzem um complexo de afetos contraditórios, como a insatisfação e o medo de perder o emprego e, por outro lado, o comodismo crônico e a expectativa de fazer carreira e ser promovido. Mesmo assumindo-se o ócio, os personagens demonstram indignação com a fiscalização do chefe, que chega perguntando “o que é que está acontecendo”. Tanto faz-se injusta a autocracia excessiva do chefe como a faz-se injusta a retaliação dos funcionários.



Outra parte interessante do filme, para não esquecer, foi quando o trio Peter, Michael e Samir, indignados com a máquina de Xerox, que nunca funcionava quando eles mais precisavam dela, a seqüestram no prota-malas de um carro e depositam na beira de uma rodovia, na saída da cidade, e a espancam, liberando todo stress num objeto como se fosse um criminoso humano consciente (nota: quem nunca sentiu esse desejo? Eu já!), valendo até taco de baseball e socos desferidos.



Peter, o personagem principal, passava a mensagem de que a honestidade não leva ninguém a lugar algum, e que somente transgredindo a lei é que se consegue ficar rico na América. Hoje há pessoas que ainda, mesmo com tanta tecnologia, procura burlar formas de golpear a empresa para garantir seu lucro.




O filme antena para as problemáticas do sistema, da sociedade e da cultura administrativa arcaica que ainda existem no mundo mercadológico. Esses problemas afetam a empresa, e uma única pessoa pode levar ao caos todo um patrimônio construído e conquistado, se ela sentir que não há mais nada a perder. Numa empresa onde o OSM e CO atuam não há risco de comportamentos de ociosidade, retaliação, incoerência, ineficácia, desordem, desmotivação e vingança acontecerem. Para quem faz Administração, o filme é rico em detalhes que precisam ser analisados de forma séria, mesmo referindo-se a um filme de comédia, e buscar reverter esse quadro problemático quando for imediatamente identificado num ambiente de trabalho.

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