terça-feira, 15 de janeiro de 2013

GESTÃO DE PESSOAS II - ESPIRITUALIDADE EM AMBIENTE DE TRABALHO




ESPIRITUALIDADE E AMBIENTE DE TRABALHO
Qual relação há entre ambos








Trabalho apresentado na disciplina Gestão de Pessoas II, do curso para formação em Bacharelado em Administração de Empresas, do 6º semestre, orientado pela professora Ellianjose Junqueira Ayres.



Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana
Feira de Santana – BA, 2012
 


OBJETIVO DO TRABALHO

            Examinar as relações entre espiritualidade e ambiente de trabalho; Fazer reflexões sobre a existência espacial para a envolver religiosidade no mundo dos negócios; Analisar a espiritualidade reaparecida atualmente no âmbito social e tentar entender como isso é associada ou adaptada à cultura da modernidade e ao avanço da pós-modernidade.

INTRODUÇÃO

            A discussão sobre espiritualidade no trabalho foi criada através de pesquisas que abordam a busca do prazer, eliminação do sofrimento ou realização das potencialidades do ser humano nas organizações. Desta, pesquisou-se a fundo o significado, o propósito, o crescimento pessoal e o sentido da vida, e foram encontradas pré-conceitos e visões de mundos marginalizados quando considerados como a principal meta do ambiente de trabalho.
            Pesquisadores pressupõem que a religiosidade está cada vez mais distante dos limites das religiões institucionais, pois ela tem se manifestado em espaços diversos e distintos dos das igrejas, dos santuários e locais cultos. A religião não tem mais controle sobre a religiosidade e esta tem sua liberdade e autonomia em vários âmbitos sociais.
            Há também, em decorrência dessa autonomia, brechas para questões polêmicas e preocupantes, em que a maximização dos resultados financeiros foi valorizada decorrente das maneiras empresariais de recrutar dentro do âmbito religioso, através da ação dos pastores, bispos e mentores espirituais. Disto surge o modelo religioso-empresarial em empreendimentos neopentecostais que incluem, entre outras, a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Apostólica Renascer em Cristo, que são exemplos de “organizações de simbolismo intensivo” (Wood Jr., 2001). Essas igrejas investem em espetáculos teatrais e cinematográficos em uma sociedade que valoriza imagens e símbolos.

RELIGIÃO, RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE

            Na primeira metade do século XX, onde reinava a modernidade capitalista, a sociedade foi influenciada pela idéia de que a religião atrapalhava seus negócios e seu cotidiano somente em processo de produção, e por isso ela era separada desse meio e de preferência jamais manifestada. Já na segunda metade do século XX, reverteu-se a situação e a religião voltou a freqüentar as unidades de produção.
            Existem diferenças entre “religião”, “religiosidade” e “espiritualidade”:

Religião
O termo “religião” faz referencia a doutrinas, a códigos de conduta, a loca e tempo de cultos, a liturgias, a rituais praticados e regulados por especialistas treinados para servir as instituições e organizações que administram a prática religiosa.

Religiosidade
            É a qualidade de ser religioso e ter uma religião. É sua conduta íntima a base de regras religiosas. É ser consistente em seus aspectos de acordo com a religião adotada, independente de se a freqüenta ou não.

Espiritualidade
            É algo mais livre das amarras institucionais e organizacionais que o termo “religião” adota. É seguir uma filosofia religiosa sem se apegar aos detalhes. Podem-se seguir diversas e filosofias de distintas religiões, o que implica maior tolerância e sincretismo, possibilitando uma busca nas várias fontes espirituais daquelas forças consideradas transcendentais aos indivíduos.
            A busca pela espiritualidade na sociedade atual dá ao indivíduo um leque de opções para ser confeccionado do jeito que quiser na preparação de uma aquarela religiosa.


O PAPEL DA RELIGIOSIDADE NO TRABALHO

                                      “Ao tratar da questão religiosa, o professor Leonardo Boff sugere que as igrejas devem renunciar a pretensão de ser a única portadora da verdade e, por isso, sentir-se superior e fora da sociedade. Reconhece que elas têm direito a expor sua opinião, mas sem qualquer imposição às pessoas. Aponta que a grande maioria das instituições religiosas se autofinalizam porque se preocupam prioritariamente em conservar seu lugar social e poder”.
                                      (Marcos ARRAIS, 2011)

            Se analisarmos de ponto de vista científico, a Igreja não deve escolher um mundo para o qual quer que seja, e sim, aceitar esse mundo como se apresenta atualmente, e se preparar para aceitar um futuro mundo com outras expectativas de horizontes, cada vez mais laico e pluralista. A Igreja deve acompanhar a sociedade e não se jogar à frente ou tampouco a seguir (cuja tendência pode acabar sendo essa, caso ocorra um único deslize em sua eterna hegemonia). Ela “deve renunciar a pretensão de ser a única portadora da verdade e, por isso, sentir-se superior e fora da sociedade” (Leonardo Boff, 2011). Tal como outra organização, a Igreja tem o direito de expor sua opinião, mas não cabe a ela impô-la aos seus seguidores.
            Ao fazermos essa conexão da espiritualidade com o trabalho, somos provocados a pensar sobre o espaço da produção e dos negócios como um ambiente recompensável e que pode oferecer aos trabalhadores um prazer além do que os seus ganhos materiais lhe proporcionam. A narrativa do livro de Gênesis, na Bíblia Sagrada, deixa claro que o trabalho é a forma como o ser humano coopera com Deus para colocar ordem ao caos, sendo essa maneira como participa da força criativa divina. O mundo do trabalho cotidiano oferece ao trabalhador as fronteiras que orientam o seu comportamento. É por isso que o desemprego gera uma preocupação que vai além do financeiro, cuja sensação possa estar encubada em algumas pessoas, ou seja, sem estarem conscienciosas disso. Logo, a tendência é um crescente número de pessoas que procuram movimentos e formas de religiosidades para avançar o processo de ascensão social ou evitar o descenso. Para isso, existem muitos métodos de treinamento, receitas práticas de como aumentar o bem-estar dos colaboradores de uma organização, baseados nesta ou naquela espiritualidade.
            A implantação da espiritualidade no ambiente de trabalho ocorre na década de 80, em uma reação à ganância corporativa. A indústria norte-americana de publicações nomeou os últimos dez anos como “a década da alma”, e que podemos chamar de movimento da espiritualidade no mundo corporativo, que começou a ser notado no Brasil no final da década de 90. Em sua edição de janeiro de 1999, a revista Você S.A. descreve o fato da espiritualidade chegar às empresas, como segue:

                                           “Algumas companhias brasileiras já estão pedindo ajuda aos céus – literalmente. Empresas como Mercedes-Bens, Maganizines Luiza, Computer Associates e Superbom abriram espaço para a ‘espiritualidade’ dentro de seus escritórios. O que seria isso? Basicamente, é abrir espaço, no ambiente profissional, para a vivência religiosa, na suposição de que os cuidados com a alma ajudem na solução de conflitos no dia-a-dia do trabalho. A espiritualidade no local de trabalho já é uma forte tendência nos Estados Unidos. No ano passado, o The New York Times informou que as barreiras entre trabalho e religião estão caindo por terra. O jornal falou de uma crescente aceitação dos comportamentos abertamente religiosos nas empresas e citou alguns exemplos: na Boeing há pessoas estudando o Alcorão, na Microsoft os funcionários têm aulas de Torá, na Intel grupos de estudos islâmicos se reúnem regularmente”.
(Letícia COLOMBINI, 1999)

            Laura Nash e Sotty Mclennan apresentam seis realidades que influenciam a chegada da espiritualidade no mundo do trabalho:

1)   A geração pós-guerra, nascida entre 1946 e 1964, que acredita que o trabalho deve resultar em algo mais do que o salário ao final do mês;
2)   A economia global, que exige a integração entre múltiplas formas de culturas e tradições religiosas;
3)   Crescente estresse relacionado ao trabalho, sendo a espiritualidade uma fonte de alternativas às propostas do iluminismo científico;
4)   Novos conceitos científicos, como, por exemplo, a teoria do caos, a física quântica, e a genética;
5)   Paradigmas pós-modernos, que promovem a integração entre ciência e religião como fonte de verdades e salienta que inteligências múltiplas são essenciais para a convivência com a incerteza e a necessidade de adaptação;
6)   O surgimento dos gurus de negócios, que propõem uma nova mentalidade corporativa.

            A primeira coisa que o empresário David Santos, da Escinter Comércio e Planejamento de Escritórios Ltda. – RJ, ao chegar à empresa é passar por todos os setores meditando, incluindo a sala de reunião vazia e os banheiros. Das três empresas que ele possuía (além desta inclui-se a Escplan Planejamentos de Escritórios Ltda. e Telos Ltda.) a Escinter era a única que ele repetia esse ritual todos os dias e tinha mais afeição. As outras duas ele colou atrás dos computadores e sobre a boneca da porta talismãs com simbologias orientais e prismas para atrair bons fluídos e sobrepujar o mau-olhado. Porém, a Escinter é a única que sobrevive até hoje.
            Esse relato acima é um exemplo de como empresários e executivos brasileiros vêm incorporando a religião e, de forma mais abrangente, a espiritualidade ao mundo do trabalho. De fato não é regra para o mundo corporativo, mas são cada vez mais comuns.

“Um dos sintomas mais claros do aumento da busca por espiritualidade nas empresas é o mercado de palestras. Desde o começo dos anos 90, vem crescendo a oferta de especialistas nesse nicho. Estão aí incluídas desde as mensagens de inspiração abertamente religiosa, como os ensinamentos de Cristo aplicados à gestão, até o sucesso alcançado por gurus que pregam os hábitos das pessoas bem-sucedidas, a meditação como forma de combater o estresse etc. ‘De uns cinco anos para cá é que eu entendi que existe um mercado ávido por palestras de espiritualidade’, afirma o rabino carioca Nilton Bonder. Desde que escreveu A Cabala do Dinheiro, em 1991, ele tem sido chamado para falar para públicos corporativos. Sem fazer nenhum esforço específico para atingir o mundo das empresas, Bonder tem visto a procura por suas palestras aumentar. Ele costuma fazer 15 por ano, em média. No ano passado, teve de começar a recusar convites”. (David COHEN, 2002)
           
            Para Laura Nash, de Havard, há três instâncias de espiritualidade nas empresas:

1)   Nível espacial – os ritos, o proselitismo. Para Laura, “levar esse aspecto da religião para o mundo corporativo é ir um pouco longe demais”;
2)   Religião catalítica – a ética, as práticas de meditação, a oração. É o aprendizado das atitudes religiosas, dos objetos da espiritualidade, que podem levar à transformação positiva;
3)   Nível da fundação – tentativa de compreender a visão de mundo e a sabedoria de religiões milenares.

            Segundo David Cohen, essa nova onda de espiritualidade estaria provocando o abandono das formas de gestão dos negócios fundamentados tão somente na racionalidade, nos números e na lucratividade. Para o autor da matéria, estava subentendida uma denúncia dos aspectos de que seria necessário deixar insurgir uma nova espiritualidade no trabalho. Isso porque os modelos tradicionais de gestão não mais demonstravam quaisquer preocupações com o lado psíquico, emocional ou espiritual das pessoas, e nisso estava embutida a “dimensão desumana” de nosso sistema econômico.
            “Aparentemente, religião e espiritualidade aparentam estar distante da administração. De fato, a administração esforça-se por parecer científica, como tal, espera-se que tome como base os princípios da razão” (Carlos Osmar Bertero, 2007). É de se assumir que a gestão e espiritualidade não estão diretamente associados, mesmo nos dias de hoje, porém encontramos práticas de gestão influenciadas pelo pensamento religioso.
            No Brasil, essa nova fase de inquietação com a espiritualidade no mundo dos negócios encontrou uma realidade cultural diferente do que encontramos no cenário marcado pelo processo de desapego religioso na transição do século. Os brasileiros “sempre valorizaram a subjetividade, as relações pessoais, as emoções e a religiosidade herdada dos povos indígenas e africanos” (Leonildo Campos, 2008).
            No mundo de gestão no Norte da América, onde a modernidade na organização do trabalho lidera há muito tempo, ressurgiram nos anos 90 as preocupações quanto ao desafio de se conciliar valores e trabalho, espiritualidade, fé e trabalho, ou seja, religiosidade e negócios. Associado ao estilo burocrático, a idéia foi implantar a supervalorização do lado racional, calculável, utilitarista da vida no ambiente de trabalho, em detrimento do dinamismo do estilo carismático. Porém o advento dessa ordem burocrática violentou tais características.
            O propósito da espiritualidade no ambiente de trabalho é a busca de estados mais elevados de consciência e o alinhamento das ações das pessoas, das equipes e das organizações com suas metas.
            O indivíduo trabalhador não quer ser visto como uma engrenagem, cujo combustível é somente o salário. “Ele precisa de algum aditivo para estar motivado para agir, sendo que sua motivação e reações são diretamente proporcionais ao sentimento de ser tratado como ser humano” (Sandra RASERA, 2010). Portanto, ter a espiritualidade inserida nas empresas não é nada fora do comum, e sim, já fazem parte dos novos modelos que remontam há milênios.
“A espiritualidade no trabalho é um movimento amplo e crescente de busca de estados mais elevados de consciência, que estimulem as pessoas, equipes e as organizações a identificar e praticar ações visando tornar a empresa uma cidadã consciente em sua comunidade, região e planeta. A espiritualidade no trabalho tem implicações diretas na relação da empresa com os clientes, visão de resultados, liderança, gerenciamento de pessoa, ecologia, educação, desenvolvimento e bem-estar físico, emocional e espiritual. Com isto se encorajam ações de transformação pessoal em seus relacionamentos e em seu ambiente”.
(Gustavo BOOG, 2003)

            A visão mecanicista tradicional separa a nossa vida cotidiana da espiritual, sendo que trabalhamos de segunda a sábado e no domingo vamos à missa, reunião ou culto de orações, segundo a crença de cada um. A visão de espiritualidade une estes mundos, transformando o ambiente de trabalho num lugar privilegiado onde podemos praticar nossas crenças, despertando o sentimento de fraternidade que se manifesta sob o nome de “espírito de equipe”. No entanto, esta relação está atrelada à clareza que o indivíduo tem sobre a sua missão dentro da empresa e do mundo. Trata-se da compreensão de que seu trabalho, independente da função ou cargo que exerça, tem um significado, um propósito, e que tem impacto direto na vida de outras pessoas.
            A expressão “espiritualidade no mundo do trabalho” é associada e confundida com “religião no mundo do trabalho”. A espiritualidade segue uma filosofia religiosa, absorvida mais com a transcendência, pelo fascínio pela infinita sabedoria, pela aceitação de que tudo pode ser, de as energias podem ser catalisadas entre si e que Deus é pai de todas as religiões; é uma visão muito particular de cada um que está manifestada através do respeito às diferenças. A religião tem mais a ver com padrão de comportamento e visão.
“A afirmação de que, no mundo do trabalho, a espiritualidade está a serviço da religião implica a dimensão proselitista da vivência espiritual. Entende-se por proselitismo a “atividade ou esforço de fazer prosélitos”, sendo prosélito aquela “pessoa que foi atraída e que se converteu a uma religião, uma seita, uma doutrina”, conforme Houaiss”.
(René KIVITZ, 2007)

            Bene Catanante (2000, p.63) constata que “pessoas com grau de espiritualidade bem desenvolvido costumam ter clareza de sua missão, dos benefícios que agregam com o próprio trabalho, da diferença que fazem no mundo pessoal, profissional e na comunidade em que vivem”.
            Segundo Mario Sergio Cortella (2009, p.13), esta consciência obtida pelas pessoas espiritualizadas relaciona-se com a visão holística que não terminam em si mesmas, e sim, vão além delas, como parte de algo maior e coletivo. “A espiritualidade é a resposta a um desejo forte de a vida ter sentido, de ela não se esgotar nem naquele momento, nem naquele trabalho” (Cortella 2009). Esta caça ao desígnio no ambiente de trabalho que o indivíduo realiza o permite que enxergue no resultado de tudo que ele faz, transformando a sensação de martírio em prazer divino. Desta forma é que todos nós conseguimos nos encontrar naquilo que fazemos e atingir o fluxo do trabalho, pois do contrário, nos alienamos, enxergamos nosso trabalho como punição, ficamos insatisfeitos, vivemos sob constante estresse e abrimos espaço para a tristeza aumentar ainda mais o vazio dentro de nós.


A RELIGIOSIDADE E SUA INFLUÊNCIA DIRETA

            Há de se convir que tudo que acreditamos automaticamente aplicamos no nosso cotidiano. O nosso corpo se expressa inconscientemente. O que devemos atentar é se nossa pré-disposição no âmbito social está voltada para uma seita ou para a egrégora espiritual. Cada um tem o poder de escolher os fatos, mas não tem o poder de escolher as conseqüências, e por isso o ambiente de trabalho é território delicado para assumir comportamentos no qual não sabemos como será a recepção e compreensão dos colegas.
            Antes de continuarmos, vamos esclarecer os significados de duas palavras:


Seita

            Palavra originada do latim secta, proveniente de “seguir”, de forma geral ela conceitua-se complexamente com a ação de designar, em princípio, qualquer doutrina, ideologia, sistema filosófico ou político que discorde da doutrina ou sistema dominante social, provocando ruptura nos conceitos existentes. É importante saber que a seita não está ligada única e diretamente à grupos religiosos, e sim, também pode de ser ligada a grupos políticos, estudantis, filosóficos, poetas, entre outros.

Egrégora

            Palavras originada do grego egrêgorein, proveniente de “velar” e “viajar”, sendo que ela se denomina a entidade criada a partir do coletivo pertencente a uma assembléia, ou seja, é um campo de energia criado no Plano Astral a partir da energia emitida por um grupo de pessoas através dos seus padrões mentais e emocionais, gerando somatório de “energias físicas e mentais” de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer finalidade.

A Igreja de Jesus Cristo Dos Santos Dos Últimos Dias

            Também conhecida como “A Igreja dos Mórmons”, é um exemplo de religião que influencia aos jovens buscarem trabalho cedo, com a finalidade de valorizar o trabalho e saber se comportar diante da sociedade tão exigente. Os SUD’s (Santos dos Últimos Dias, como realmente são chamados) adultos induzem os adolescentes a procurarem empregos ou formas de juntar dinheiro antes de completar 18 anos, para que por eles mesmo possam investir financeiramente na própria jornada missionária no prazo de 02 anos assim que atingir a maior idade e após servir o exército, caso sejam convocados.

            Vendo a dificuldade que é encontrar um emprego descente, a Igreja dos Mórmons fundou um banco de empregos mais voltados aos membros da própria egrégora para que ainda jovem possam estar aprendendo a desenvolver postura profissional, aprender a fazer planejamentos financeiros, a valorizar o pagamento do dízimo e investir nos estudos. O incentivo é levado tão à sério que a Igreja faz campanhas, treinamentos, indicações e até alguns líderes se responsabilizam diretamente pelo comportamento deles em ambientes de trabalho.
            Houve um período em Feira de Santana que algumas instituições estavam contratando somente os SUD’s para fazer parte da corporação, pelo exemplo de fidelidade e compromisso, como a Finivest. Mas como são seres humanos como outros, cada funcionário foi se dissipando para outros horizontes maiores, em busca de algo melhor.


A Igreja Adventista do Sétimo Dia

            Há uma citação na Bíblia que diz:

“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de Sábado e o santificou”. (Êxodo 20:8-11)


            Com base nessa citação, os Adventistas trabalham até o pôr-do-sol de sexta-feira, podendo retornar a partir do amanhecer do domingo. Essa convicção religiosa levou a muitas organizações a dispersarem profissionais adventistas por causa das faltas no sábado, o que poderia causar problemas para alguns colegas de trabalho que estariam cumprindo sua jornada neste dia. Essa situação causou polêmicas na década de 80 e até hoje ainda existem empresas que perguntam ao candidato na hora da entrevista se esse segue alguma religião que o convença a não trabalhar aos sábados.
            A sociedade atualmente está mais disposta a aceitar essa crença, baseada na Lei, em expressão sobre a liberdade religiosa, que está consignado no título referente aos Direitos e Garantias Fundamentais que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias” (art. 5º, VI, da CR/88).
            Através destes direitos publicados em Lei, os adventistas conseguiram ganhar causas em situações mais delicadas, como os profissionais de enfermagem, que podem discutir escalas e se negarem de prestar serviços aos sábados. Porém cabe a consciência de cada um dentro deste âmbito profissional, que é lidar com a saúde das pessoas, distinguir o que realmente lhe traz uma justificativa exclusivamente profissional ou, além disso, a justificativa espiritual, voltada à compreensão sobre uma profissão voltada a ajudar pessoas.
            De acordo com Washington Gonçalves, que já é técnico em enfermagem e está cursando o módulo de 2 do curso de radiologia, a posição da Igreja é clara e não há como “ir contra a vontade de Deus”. No entanto, não ele não se recusa a trabalhar ao sábados. Segundo ele, esse dia pode ser usado para fazer o bem, como diz Jesus na Bíblia, em Mateus 12:11-12:

“Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se no sábado ele cair numa cova, não há de lançar Mao dela, tirá-la? Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer o bem aos sábados”.

            Washington entende que sua profissão vai mais além que o profissional, e diz: “eu não posso deixar de atender os meus pacientes. Ninguém escolhe quando vai ficar doente”.

“O reconhecimento da liberdade religiosa pela Constituição denota haver o sistema jurídico tomado a religiosidade como um bem em si mesmo, como um valor a ser preservado e fomentado. Afinal, as normas fundamentais apontam para valores tidos como capitais para a coletividade, que devem não somente ser conservados e protegidos, como também ser promovidos e estimulados.
A Constituição protege a liberdade de religião para facilitar que as pessoas possam viver a sua fé. Daí a Constituição chegar a prever a assistência religiosa para os que estejam submetidos a internação coletiva (art. 5º, VII).
O reconhecimento da liberdade religiosa decerto que contribui para prevenir tensões sociais, na medida em que, por ela, o pluralismo se instala e se neutralizam rancores e desavenças decorrentes do veto oficial a crenças quaisquer. O reconhecimento da liberdade religiosa também tem por si o argumento de que tantas vezes a formação moral contribui para moldar o bom cidadão. Essas razões, contudo, não são suficientes em si para explicar a razão de ser da liberdade de crença. A Constituição assegura a liberdade dos crentes, porque toma a religião como um bem valioso por si mesmo, e quer resguardar os que buscam a Deus de obstáculos para que pratiquem os seus deveres religiosos”.
(São Paulo: Ed. Saraiva, 2008, págs. 419/420)


Salão do Reino das Testemunhas de Jeová

            As Testemunhas de Jeová foi fundada no fim do século XIX por Charles Taze Russel, em 1874, sob influência das doutrinas adventistas, formado por seu próprio grupo de estudos bíblicos na Pensilvânia, EUA: os Estudantes da Bíblia, como eram então conhecidos.
            A vida de uma TJ é muito restrita. A liderança da religião proíbe seus membros de participar em atividades recreativas fora do ciclo religioso, como comemorar dias festivos, como exemplo o Natal, o Dia das Mães, o Dia dos Pais, o Dia dos Namorados e todos os feriados nacionais, além de não poder comemorar seu próprio aniversário, tampouco de outros.
            Esse comportamento resulta no distanciamento gradativo de seus colegas de trabalho, que, com o tempo, deixam de convidar um funcionário TJ para pequenos eventos que podem se tornar verdadeiros networks.
            O respeito dentro do âmbito de trabalho é fundamental, mas ninguém é obrigado a não parabenizar um colega dentro de um setor porque ali tem um TJ. Às vezes torna-se constrangedor todos programarem um amigo-secreto de final de ano e não ter que incluir uma única pessoa ou duas por causa de suas crenças. Realçamos aqui que as TJ não são pessoas más, e sim, são cidadãos honestos e no fundo pessoas de boa índole, se vestem bem e evitam em se envolver em brigas, mas quando se trata de relacionamentos que vão além do ambiente de trabalho, podem se tornar isolados; e em época de corte, se não forem muito competentes, serão os primeiros a “voarem” do quadro de funcionários.
            Devemos buscar o bom senso, como Washington Gonçalves fez. Há uma versão boa e justificável para tudo que fizemos de bom e que nos agrada, como nas datas comemorativas. Nem tudo está atrelado à religião ou seitas, e sim, à cultura, que deve ser respeitada e compreendida. E o bom senso está em distinguir filosofia religiosa e cultura.
            Não podemos mais generalizar esses exemplos citados. Com tantas mudanças que o meio religioso vem sofrendo, podemos encontrar pessoas quebrando paradigmas e afrontando alguns ditames religiosos, para fazer parte de uma egrégora espiritual em um ambiente de trabalho, porque ninguém quer se sentir excluído do meio social fora das igrejas, mesmo que dentro delas considerem uma desobediência ou até mesmo uma seita contra os padrões litúrgicos em que convivem.


VALORES ÉTICOS E PRINCÍPIOS DE CONDUTA

            Conforme Leonardo Boff (2006, p.51), a espiritualidade é uma dimensão de cada ser humano, que se revela pela capacidade de diálogo consigo mesmo, embora esteja encoberta atualmente pelas cinzas do consumismo, do materialismo, da competitividade e da ganância. Por isso cabe a cada indivíduo desenvolver a responsabilidade de aplicar seus princípios espirituais no dia-a-dia.
            Devemos sempre nos lembrar que passamos a maior parte de nossas vidas no ambiente de trabalho, portanto torna-se coerente que nosso trabalho constitua um terreno fértil para semearmos a nossa espiritualidade, um grande laboratório para testarmos nossos valores éticos e princípios de conduta.
            Enquanto cidadãos civilizados, nós devemos estar sempre lembrando que a vivência e os empirismos cotidianos formam e fortalecem o caráter, mesmo sendo imprescindíveis a leitura e o estudo.

“A espiritualidade tem uma ligação umbilical com o trabalho. É por meio dele que externamos a educação ética, os valores morais e os princípios de cidadania que aprendemos ao longo da existência. Ao falharmos na assimilação dessas dimensões, estamos falhando na projeção e exteriorização da nossa própria espiritualidade”.  (VASCONCELOS, 2008)


            As organizações são um reflexo do capital humano que nelas habita. Logo, quanto mais conectados com a espiritualidade estiverem os funcionários, mais ética e comprometida será. A espiritualidade pode e deve ser fomentada pelas políticas internas das organizações. Ela só permeará as condutas práticas de uma organização se for induzida e praticada pelos gestores da empresa.
            A busca coletiva em defesa da qualidade de vida nas empresas não cria respaldo nas exigências diárias de que devemos trabalhar cada vez mais e melhor, no lugar de três ou mais funcionários, mas muitas empresas agem cinicamente neste ponto. As crises comprovam isso! A primeira atitude adotada pela maioria das empresas na crise da bolha imobiliária (em 2008/2009) foi aplicar a saída mais fácil: a demissão de funcionários, que acontecem ironicamente quando as empresas mais enfatizam a necessidade de comprometimento por parte dos seus empregados, gerando um efeito residual extremamente negativo nas corporações. Ou seja, entre os que ficaram, desenvolvem a angústia, insegurança e o medo de serem os próximos da lista, e conseqüentemente, geram desmotivação, estresses, falta de atenção, competitividade, deslealdade, entre outros comportamentos tóxicos que acabam contaminando todo o ambiente de trabalho.
            Mesmo que algumas demissões sejam explicáveis e necessárias para o balanço financeiro da empresa, a forma como são administradas pelos gestores revela muito sobre o caráter, ou sobre a falta dele, dentro das organizações. Quando atreladas aos princípios da espiritualidade, a aceitação é maior e os sentimentos negativos se manifestam numa proporção significantemente menor.



CONCLUSÃO

            Em sua origem, todo trabalho era considerado sagrado, não havendo dimensões seculares e espirituais da vida. A Revolução Industrial foi a autora da separação entre o ambiente de trabalho e o contexto mais geral de vida e valores dos indivíduos. Contudo, atualmente as empresas começam a resgatar os valores espirituais, aumentando a consciência de que a cooperação, qualidade, produtividade e criatividade não sejam alcançáveis por funcionários que trabalham apenas para ganhar benefícios materiais, mas sim, para desenvolver seus valores e significados positivos de seu trabalho para si próprios e para o mundo.
            Chega-se à compreensão que a espiritualidade e o auto-conhecimento estão interligados diretamente, excitando atuações de transformações pessoais e, conseqüentemente, de seus ambientes. No alcance em que a empresa desenvolve com maior lucidez sua missão e visão, num método que gerencialmente é designado de planejamento estratégico, revelam-se as intenções reais, que precisam ter uma dimensão de transcendência, de servir a uma causa maior.
            Quando os indivíduos se conectam a dimensão espiritual de suas tarefas do cotidiano, novos significados surgem. A espiritualidade pode enriquecer nossas experiências dentro das organizações e servir como laboratório para nosso crescimento individual e coletivo.



REFERÊNCIAS

1.    ARRAIS, Marcos. O papel da religião no mundo contemporâneo. Disponível em <http://www.marcosarrais.com.br/?p=2783>. Acesso em 24 de agosto de 2012.

2.    BOOG, Gustavo G. Espiritualidade nas empresas. Disponível em <http://carreiras.empregos.com.br/comunidades/rh/colunistas/150202-boog_espiritualidade_empresas.shtm>. Acesso em 27 de agosto de 2012.


3.    COHEN, David. Deus ajuda?. A espiritualidade está no mundo dos negócios. Será mais um modismo ou vai transformar a vida das empresas?. Revista Exame. Ed. Abril 2002. Disponível em <http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0758/noticias/deus-ajuda-m0050467>. Acesso em 24 de agosto de 2012.


4.    KITVITZ, Ed René. Espiritualidade no mundo corporativo: aproximações entre prática religiosa e vida profissional. Disponível em <http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_arquivos/6/TDE-2007-05-07T185152Z-308/Publico/Ed%20Renekivitz.pdf>. Acesso em 24 de agosto de 2012.

RASERA, Sandra Maria de Albuquerque. Espiritualidade Corporativa. Disponível em <http://www.webartigos.com/artigos/espiritualidade-corporativa/35424/>. Acesso em 27 de agostos de 2012.

DIREITO PÚBLICO E PRIVADO - A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1934 À 1988




A Constituição brasileira foi inspirada na Constituição norte-americana, onde se optou pelo sistema presidencialista de governo, com a adoção de doutrina tripartidária, baseada na divisão dos poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário.



Constituição de 1934

Contexto Histórico: Crise do Estado Oligárquico (o fim da república Velha e Revolução de 1390).
Forma Política de Elaboração da Constituição: Democrática (elaborada por uma Assembléia Constituinte).
Características básicas: manutenção do federalismo, do presidencialismo e do sistema federativo; extensão do direito de voto às mulheres e aos menores de 18 anos; reconhecimento dos direitos trabalhistas; amplo reconhecimento dos direitos e garantias individuais.
Duração: três anos.
Com a revolução de 1930, o Governo Provisório nomeou uma comissão para elaborar uma nova Constituição, destacando-se o papel da Revolução Paulista de 1932, que existia a restauração plena do regime democrático. Pelo decreto n° 21.402, de 14 de maio de 1932, foi fixado o dia 03 de maio de 1933 para a realização das eleições à Assembleia Constituinte, e criada uma Comissão para elaborar o anteprojeto da nova constituição. Depois de seis meses, um novo Decreto, expedido a 1º de novembro de 1932, regulamentou o funcionamento da Comissão, denominada de Comissão Itamaraty, presidida por Afrânio de Melo Franco, e integrada por Antunes Maciel, Ministro da Justiça, Assis Brasil, Antônio Carlos, Prudente de Moraes Filho, Joao Mangabeira, Carlos Maixmi8liano, Artur Ribeiro, Agenor de Roure, José Américo, Osvaldo Aranha, Oliveira Viana, Góis Monteiro e Themístocles Cavalcanti.
            Tomando por base a Constituição de Wimar, de 19198, a Constituição de 1934 manteve a divisão de Poderes do federalismo, mas promoveu uma centralização legislativa em favor da União, mediante o deslocamento de matérias antes reservadas aos Estados. Inaugurou-se o federalismo cooperativo, afastando, assim, a Constituição do federalismo cooperativo. Destaca-se também a criação do mandado de segurança, ampliando-se a proteção dos direitos individuais.



Constituição de 1937

Contexto Histórico: Golpe do Estado Novo (ascensão do nazi-fascismo na Europa).
Forma Política de Elaboração da Constituição: Autoritária (outorgada por Getúlio Vargas).
Características básicas: forte concentração do poder pelo executivo; iniciativa legislativa nas mãos do Presidente, o que destruiu as bases do federalismo; reconhecimento dos sindicatos corporativistas e proibição dos sindicatos livres; reconhecimento dos direitos trabalhistas; proibição dos direitos de greves.
Duração: nove anos.

A 10 de novembro de 1937, o Presidente Getúlio Vargas outorgou a nova Constituição brasileira, sendo ela os principais pontos:

a)   Suprimiu o nome de Deus, o que também ocorre na Constituição do Estado do Vaticano;
b) Outorgou poderes amplos ao Presidente como a suprema autoridade do Estado, alterando a sistemática do equilíbrio dos poderes;
c)  Restringiu as prerrogativas do Congresso e autonomia do poder Judiciário, eis que em determinadas hipóteses o Presidente podia ir ao encontro ao judiciário, fazendo valer as leis que este reputasse inconstitucionais;
d)  Ampliou o prazo do mandato do Presidente da Republica;
e)   Mudou o nome do Senado para Conselho Federal;
f)     Instituiu o conselho de Economia Nacional como órgão consultivo;
g)    Limitou a autonomia dos Estados-Membros;
h)   Criou a técnica do estado de emergência, que foi declarado pelo art. 186;
i)      Dissolveu a Câmera e o Senado, bem como as Assembleias Estaduais;
j)      Restaurou a pena de morte.

    Na realidade, a Constituição de 1937 permaneceu na sua maior parte inaplicada, pois foram dissolvidos os órgãos do Poder Legislativo de todos os níveis de governo, e não se realizou o plebiscito determinado pelo texto constitucional.



Constituição de 1946

Contexto Histórico: queda do Estado Novo (fim da segunda guerra mundial).
Forma Política de Elaboração da Constituição: Democrática (elaborada por uma Assembleia Constituinte).
Características Básicas: eleição direta do Presidente da República; resgate do federalismo; independência e equilíbrio dos poderes; liberdade de organização partidária; liberdade sindical; reconhecimento dos direitos de greve; indenização prévia para a desapropriação de terras.
Duração: 21 anos.
            Com a reconstituição do país, precedida da queda de Vargas, ocorrida em ambiente internacional a ela favorável com o fim da Segunda Guerra Mundial, instalou-se, a 02 de fevereiro de 1946, a Assembleia Constituinte sob o governo de General Eurico Gaspar Dutra, eleito no final do ano de 1945.
            Com a renúncia do Presidente Jânio Quadros, o país mergulhou em profunda crise institucional, eis que setores conservadores e o Exército não aceitavam a posse do Vice-Presidente João Goulart. Em 06 de janeiro de 1963 consumou-se o presidencialismo, pela Emenda Constitucional nº 06 de 23 de janeiro de 1963, caminhando o País para a crise 1964.




Constituição de 1967

Contexto Histórico: Golpe Militar de 1964.
Forma Política de Elaboração da Constituição Autoritária: outorgada por Castelo Branco a de 1967 e pela Junta Militar a emenda de 1969.
Características básicas: eleição presidencial indireta; enfraquecimento do Legislativo e do Judiciário; introdução do decreto-lei e do decurso de prazo; enfraquecimento do federalismo; restrições aos direitos e a suspensão do habeas corpus.
Duração: 21 anos.

Vitorioso o movimento militar de 1964, o Congresso Nacional elegeu Presidente da República o Marechal Castelo Branco. Várias alterações são apresentadas à Constituição de 1946, por meio de emendas, atos institucionais e atos complementares. Desfigurando o texto de 1946, cuidou-se então de consolidar, em nova Constituição, a obra do movimento militar, já que inclusive a Constituição de 1946 se achava em vigor por força de Ato Institucional n° 1, de 1964 que a manteve. O projeto de Constituição foi elaborado por uma Comissão, nomeada pelo Decreto n° 58.198, constituída pelo MinistrpoMen de Sá e pelos juristas Themístocles Cavalcante, entre outros.



Constituição de 1988

Contexto Histórico: Abertura política e redemocratização do Brasil. 
Forma Política de Elaboração da Constituição Democrática: Elaborada por um Congresso Constituinte. 
Características básicas: fortalecimento da federação; Equilíbrio e independência dos três poderes; Supressão do decreto-lei e do decurso de prazo; Amplo reconhecimento dos direitos e garantias fundamentais do cidadão; Restabelecimento de eleições diretas; Definição do Estado como Estado Democrático de Direito.

A Constituição Federal de 05 de outubro de 1988 foi elaborada pela Assembléia Nacional Constituinte, convocada pela Emenda Constitucional n. 26 de 27 de novembro de 1985, tendo sido instalada solenemente no dia 1º de fevereiro de 1987, em memorável sessão presidida pelo Ministério Moreira Alves, Presidente do Supremo Tribunal Federal, que pronunciou erudito discurso que se prolongou por meia hora.

A 02 de fevereiro de 1987, é eleito Presidente da Constituinte o Deputado Ulysses Guimarães.

A Constituinte de 1987 não se baseou em anteprojeto do Governo, circunstância que tem sido apontada como um dos fatores que acarretaram demora e lentidão dos seus trabalhos. Embora convocada pelo Decreto nº 91.450, de 18 de julho de 1985, do Presidente José Sarney, sucessor do Presidente Tancredo Neves, falecido antes da posse, a Comissão Provisória de Estudos Constitucionais (Comissão de Notáveis) elaborou um texto que não foi encaminhado à Assembleia Constituinte pelo Presidente da República, o qual preferiu remetê-lo ao Ministério da Justiça. Tal fato tem sido explicado por haver o texto da Comissão adotado o sistema parlamentar de governo, contrariando, assim, o Presidente da República, que teria seus poderes reduzidos. A legitimidade da Constituinte foi ainda discutida, alguns pretendendo-a livre e soberana, outros querendo-a limitada. A propósito, escreveram Paulo Bonavides e Paes de Andrade: (...) a Constituinte congressual não era indubitavelmente a forma mais legítima de Assembleia para conduzir o processo ou exprimir sem pressupostos restritivos do exército da soberania nacional em toda sua plenitude. A sub-representação política dos grandes estados na composição do colégio constituinte se tornava assim patente, sendo, por conseguinte, que essa carência de plenitude e igualdade na representação conjunta do eleitorado fazia baixar o teor de representatividade e democracia do poder soberano no exercício da função constituinte, caindo consideravelmente o grau de sua legitimidade.

Embora convocada por meio de emenda à Constituição de 1967, o ato convocatório, no seu artigo 1º, declarava livre e soberana a Assembleia que, uma vez instalada, passou a exercitar amplos poderes, inclusive para mudar as formas de Estado ou de governo, pois não estava vinculada à manutenção de federação ou da república. Além disso, foi ampla a participação popular nos trabalhos constituintes, ressaltando o Deputado Ulysses Guimarães, Presidente da Constituinte, que, durante os trabalhos, cerca de 5,4 milhões de pessoas transitaram pelo Edifício do Congresso Nacional, sendo ainda apresentadas 122 emendas populares, algumas com mais de um milhão de assinaturas.

Verifica-se que novas matérias foram introduzidas na Constituição, como os princípios fundamentais constantes de Título I; preceitos sobre seguridade social, assistência social, ciência e tecnologia, comunicação, meio ambiente, criança, Os direitos fundamentais foram deslocados para o inicio da Constituição, deixando de figurar no seu final, como ocorria nos textos anteriores.

A “ordem econômica” mereceu Título próprio, destacando-se da “ordem social”, de forma a atender as funções do Estado Contemporâneo


CONCLUSÃO

As Constituições do Brasil foram de grande importância, cada uma com suas principais características; a de 1824 foi a Constituição do Império, ocorreu a divisão dos quatro Poderes, o Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador; tivemos a Constituição de 1891 como a primeira da República Federalista e Presidencialista, onde aconteceu a divisão dos três poderes e a separação da Igreja e do Estado; a de 1934, a “Era Vargas”, instituiu o voto secreto, o voto obrigatório a maiores de 18 anos, se formou o Justiça do Trabalho e Eleitoral; logo após a de 1937, o “Estado Novo”, concentra os Poderes Executivo e Legislativo ao Presidente da República, concede mandado de 6 anos ao mesmo e admite a pena de morte; em 1946 a “República Populista”, com a igualdade de todos perante a lei, extinção da pena de morte, separação dos três poderes; a de 1967 a “Constituição da Ditadura Militar”, o Poder Executivo era o principal, deu total liberdade as Forças Armadas, e a pena de morte volta a valer para crimes de segurança nacional, em 1969, teve a emenda de nº 1, a qual alguns acreditam que seja uma nova Constituição; e finalmente a de 1988 a “Constituição Cidadã”, institui as eleições majoritárias e dois turnos, institui o voto universal, teve a criação do Superior Tribunal de Justiça em substituição ao Tribunal Federal de Recursos, tem como principal característica a frase “Todo poder emana do povo”.
  

Fontes:
SILVA, RozelaineRauyterda.Constituições Brasileiras. Disponível em <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAWQAAD/constituicoes-brasileiras>. Acesso em 28 de agostos de 2012.