Nova Ordem Geopolítica Mundial
Trabalho apresentado ao Curso de Administração / Publicidade
e Propaganda da UNEF – Unidade de Ensino
Superior de Feira de Santana, para a disciplina de Economia.
Profª Suzane
1
INTRODUÇÃO
Existem três definições
que descrevem a mundialiazação atual. São elas:
a) Primeira definição: sendo a mais fiel possível dos casos
observáveis, podemos dizer que a mundialização atual é o conjunto dos processos
que permitem produzir, distribuir e consumir bens e serviços a partir de
estruturas de valorização dos fatores de produção materiais e imateriais
organizados em bases mundiais para mercados mundiais regulados por normas e
padrões mundiais, para organizações nascidas ou que agem em bases mundiais com
uma cultura pretensamente mundializante e obedecendo as estratégias mundiais,
das quais é difícil determinar uma "única territorialidade (jurídica,
econômica, tecnológica) em razão das diversas múltiplas formas - evolutivas -
de laços, de integração e de alianças em rede que elas estabelecem entre si.
b) Segunda definição: através de uma abordagem que ultrapasse os casos
observáveis, podendo tornar um pouco mais próxima da realidade dinâmica a
descrição do que é mundialização atual, dizendo que ela é um conjunto de princípios
ideológicos, de concepções teóricas e de instituições e mecanismos, tais como a
Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o Banco
Mundial, fundado na primazia de três poderes:
·
Poder de Mercado - representado pelo
fato de que mercado é considerado como o
dispositivo principal para a regulação eficaz da alocação dos recursos
disponíveis, locais e mundiais;
·
Poder da Empresa - pelo fato de que
esta é alçada ao nível de primeiro ator, dominando o campo produtivo e portanto
a responsabilidade do bem-estar econômico e social da população;
·
Poder do Capital - que lhe é
atribuído pelo fato de que ele é considerado o parâmetro de definição do valor,
o que dá ao objetivo de tornar máximo o lucro de capital, o estatuto de
objetivo prioritário
Estes três poderes tiram
a sua legitimidade unicamente do fato
de que a sua função é a de tornar máximo a utilidade individual dos agentes
"econômicos" (o produtor, o consumidor, o acionista) e pela justificação que dão à luta pela
sobrevivência entre interesses individuais conflitantes, donde o princípio de competitividade, graças à utilização da ciências e da tecnologia, numa lógica de substituição dos processos, dos produtos
e dos serviços existentes.
c) Terceira definição: Os princípios ideológicos, os entendimentos
teóricos e as instituições e mecanismos instalados que mencionamos rapidamente
mostram que, em última análise, a munidialização atual pode ser atendida
sobretudo como a narração do mundo e da sociedade atualmente dominante,
desenvolvida e difundida por uma nova classe técnico-científica-capitalista
mundial que se impôs, a partir dos anos 70, como a classe
"proprietária" dos saberes e dos meios de poder financeiro, graças:
·
a
implantação tecno-científica e a desmaterialização da economia e da condição
humana, sob o efeito, entre outros, da "revolução" das tecnologias da
informação e de comunicação, o que acelerou a implantação financeira da
economia;
·
a
crise de saturação da economia ocidental, que favoreceu e justificou a
afirmação dos "três poderes" acima citados e da Santíssima Trindade
(os processos de liberalização, de desregulamentação e de privatização);
·
a
perda da credibilidade política, enquanto era a alternativa possível e desejada
para o capitalismo de mercado ocidental, pela parte do "socialismo dito
real" (o comunismo totalitário militar-burocrático da União Soviética e da
China);
·
ao
fracasso da descolonização, tanto por parte das classes dirigentes, do
"Sul" (cuja criatividade e energia foram empregadas na instalação de
regimes ditatoriais e guerras de poder inter-estatais) quanto pelas do
"Norte", que, na medida em que a "ameaça" da alternativa
soviética e chinesa enfraquecida, soltaram os freios para os interesses das
forças capitalistas ocidentais, em particular, ao poder tecnológico militar,
industrial e comercial dos Estados Unidos.
De fato, esta nova
classe mundial encontrou no poder estatal-militar nacional dos Estados Unidos e
de suas redes, o suporte político-institucional de sua dominação. Não é por
acaso que esta dominação se estende, entre outras, nos últimos 15 anos, pela
emergência e pela consolidação do feito imperial americano.
2 A CONSOLIDAÇÃO DA NOVA ORDEM
GEOPOLÍTICA MUNDIAL
Uma nova ordem
geopolítica está se estabilizando neste início do século 21. Os 70 anos que se
alargaram na revolução coletivista soviética de 1917 até o término da Guerra
Fria e a abertura da Cortina de Ferro, no final dos anos 80, foram determinados
por crescente tensão, cuja razão é dada:
§ pelo
equilíbrio que deu efeito ao processo do país armar-se com o intuito de influenciar
a mudança de opinião de outros [países] e do temor das dimensões terminais de
uma nova conflagração em escala global;
§ pela
distensão, pelas cúpulas de desarmamento e pela re-assimilação leste-oeste.
As desarmonias ideológicas
que dividiram o mundo durante quase 70 anos no século 20 originaram-se de
valores de referência diametralmente opostos, como os sintetizados na
polarização superada no conflito leste-oeste fundamentado em sistemas de
valores divergentes. A intransigência na defesa dos postulados de cada um
desses dois pólos acabou por conduzir à confrontação ideológica radical e à
Guerra Fria.
Dá pra visualizar a
extraordinária força dogmática do marxismo-leninismo, em amparo ao
igualitarismo, do monopartidarismo, da propriedade coletivizada, do governo
como agente dominante e da economia de comando central, como também a
racionalidade do modelo liberal-individualista, teoricamente demonstrável pela
idéia da curva de indiferença (lógica de Pareto), que parecia ter forças
dogmáticas equivalentes às das concepções coletivistas, resultando
politicamente vulnerável e destituída de militância convincente.
O aparente desequilíbrio
dos apelos políticos e das âncoras ideológicas desses pólos antagônicos parecia
conduzir à supremacia de um sistema sobre o outro. Diante de polarizações
instruidamente desequilibradas, não se descartava a hipótese da confrontação
militar.
Entre as décadas 20 a
90, as contestações radicalizadas praticamente cegaram os ganhos e perdas dos
sistemas opostos: na eficiência produtiva, na eficácia locativa e na justiça
distributiva. No leste, a eficiência minava progressivamente pelos próprios
fundamentos do sistema, podendo vazar na decomposição da economia como um todo.
No ocidente, as intenções da eficiência privada poderiam dificultar a separação
justa da riqueza gerada e comprometer a força da economia como um todo. Por
causa do forte conteúdo ideológico, as disputas extremadas não davam brechas
para desfazer a radicalização, mesmo quando o modelo ocidental tentara corrigir
seus vícios e deficiências, ao contrário do modelo coletivista, que demonstrava
evidências da dificuldade em escapar das correções de base.
Nos anos 80, as
radicalizações já vibravam como destoada dos usos da época a que se atribuía,
como exemplo:
§ saiu
da confrontação geopolítica aberta para a superação do conflito leste-oeste;
§ saiu
da militarização do conflito ideológico para a desmilitarização das
divergências e a distensão;
§ saiu
da separação de dois mundos por uma cortina de ferro para a emergência de propósitos
convergentes;
§ saiu
dos imperialismos fundamentados em crenças e valores divergentes, para os
movimentos de integração sancionados por interesses econômicos comuns.
2.1 A nova ordem geopolítica: os blocos de integração
Para os avanços
decorrentes dos processos de desfazer a radicalização ideológica e de
re-assimilação leste-oeste contrapõem-se novos desafios. A nova ordem
geopolítica mundial traz dois desafios consideráveis:
a) A transposição do modelo bipolar, fundamentado em
radicalizações ideológicas, para o modelo
multipolar, centrado na capacidade de competição no campo econômico;
b) A consolidação dos processos de integração econômica e política e a
dilatação das novas esferas
macrorregionais de co-prosperidade.
2.1.1 Modelo Multipolar
No início do século, a
economia mundial definia-se por um modelo de hegemonia unipolar, ou seja, por um conjunto de indicadores de
desempenho diferenciado. Os Estados Unidos eram hegemônicos, nos seguintes
aspectos:
§ diversidade
de bens e serviços e lançamento continuado de novos produtos, com avançados
padrões de qualidade e de modernidade;
§ novas
conquistas científicas e tecnológicas, básicas e aplicadas;
§ capacitação
gerencial em todas as funções administrativas;
§ dimensões
e eficiência operacional as empresas;
§ estratégia
de desenvolvimento de novos negócios e energia empreendedora.
Embora a grande
depressão dos anos 30 tenha abalado a economia norte-americana, os Estados
Unidos mantiveram-se como principal pólo mundial de irradiação de progresso e
de prosperidade. Nas décadas de 40 até 70, a economia norte-americana recobrou
a posição de liderança. Nos 30 próximos anos após a Segunda Guerra Mundial, o
surgimento de duas estruturas competitivas para a união econômica da nova Ásia
industrial e da Europa ocidental caracterizou a bipolarização EUA-URSS,
definida por critérios ideológicos e estratégico-militar, centrando seus
esforços na corrida armamentista e em atividades que dessem suporte aos avanços
tecnológicos de interesse bélico e à demonstração de superioridade estratégica.
Nos anos 80, o sistema
bipolar desfez sua articulação. O armamentismo acentuado e seus custos
crescentes de sustentação enfraqueceu a duas superpotências em outro campo
clássico das relações internacionais, o econômico, comprometendo os
investimentos em infra-estrutura de pesquisa, desenvolvimento, ciência e
tecnologia para fins civis e o equilíbrio orçamentário.
Já na transição dos anos
80 para os anos 90, os fatores de supremacia e de poder já não se definiam mais
nos campos ideológicos e estratégico-militar, mas no econômico, destacando-se
assim como novos fatores:
§ Domínio
de informações estratégicas sobre negócios;
§ Atratividade
do país para absorver capitais privados e autônomos para investimentos em
estruturas produtivas;
§ Custos
sistêmicos competitivos: o governo como parte integrante da competitividade da
nação em escala global;
§ Domínio
de tecnologias avançadas de produção e de gerenciamento;
§ Cadeias
competitivas de suprimentos;
§ Estruturas
de mercado não cartelizadas, estimulando posturas competitivas em mega-mercados;
§ Macroparcerias
internacionais: co-participação em mercados comuns, uniões alfandegárias e
blocos de integração;
§ Peso
absoluto do PNB das economias integradas em macroparcerias.
Através desses novos
fatores, definimos um novo sistema multipolar, fundamentado em diferenciais
competitivos no campo econômico no campo econômico.
3
O
DESAFIO DA UNIVERSALIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
Após o
segundo pós-guerra, a evolução econômica tornou-se o centro das discussões
políticas e sociais, tornando-se tema de interesse público, sendo seu principal
foco, a expansão do PNB per capita.
O desafio
da universalização do desenvolvimento vai muito além do conceito convencional
do PNB per capita, eis que o
crescimento passou a traduzir-se em sinônimo de crescimento econômico,
especialmente devido à sua íntima relação com o desenvolvimento humano (ROSSETTI,
2003,pg.364).
A pesar
de não ser única fonte de amostra da distância econômica e social entre as
nações, o PNB per capita figura como
grande medidor destas duas realidades entre os países. Indicadores desta
realidade, podem ser melhor observados em tabela em anexo, extraída da obra de
Rossetti.
Ante ao
exposto, exemplo deste distanciamento, está no fato de que, enquanto os países
de baixa renda realizam 30% do produto mundial bruto e possuem 35,6% da
população mundial, aqueles de renda elevada realizam 49,7% do PNB bruto
enquanto reúnem apenas 7,3% da população.
A partir
desta informação e das demais que se pode extrair das tabelas ora apresentadas,
verifica-se que são nitidamente perceptíveis as disparidades nos setores
básicos de educação (elevando índice de trabalho agrícola; taxa elevada de
analfabetismo; alto nível de desemprego); saúde (mortalidade infantil
elevada,porém com alto índice de natalidade o que sugere grande expansão
demográfica); nutrição (concentração de renda destinada à alimentação) e
habitação nos países com menos de 1.000 dólares anuais de PNB e os demais, ressaltando-se
ainda que, nos países de baixo PNB per
capita, a renda é concentrada nas mãos de parcela da sociedade, e não
distribuída igualitariamente ou, até mesmo, justamente a esta, como um todo.
Face aos
elementos acima demonstrados, instituições de pesquisas econômicas e sociais
preocupam-se com a adoção de novos métodos para se medir, com maior precisão o
desenvolvimento dos países, são eles:
a) IDH – índice de desenvolvimento humano,que considera, dentre outros
fatores, a expectativa de vida ao nascer,taxa de alfabetização dos adultos,
poder de compra, acesso ao lazer, além de observar os graus de liberdade
política.
b) IDS – índice de desenvolvimento social, que é analisado através de conceitos
e análises da expectativa de vida ao nascer, nível educacional e conforto e
saneamento, estando este incide, mais ligado às políticas dos países em
desenvolvimento, por focar-se em sua realidade social.
Ex positis, verifica-se que a grande dificuldade
na universalização do desenvolvimento reside na situação de acentuado atraso
econômico e social que encontram-se os países pobres, que não conseguem
erguer-se quando o PNB demonstra-se muito baixo, o que acaba por agravar as
necessidades de consumo, educação e outros, conduzindo estes países a baixos
níveis de produtividade.
Deve-se conciliar a expansão das atividades econômicas
com a expansão das oportunidades de educação e emprego, eis que é esta
integração que possibilitará o decréscimo do desemprego involuntário. Não se
pode esquecer ainda, de agrupar-se à este conjunto,o fator ambiental,eis que o
desenvolvimento sustentável é necessário tanto para a ordem econômica, quanto
para o desenvolvimento social. Dessa forma, buscar-se-á utilizar os recursos do
presente, sem comprometer as necessidades das futuras gerações.
O significado de universalização possui cunho evolutivo,
ou seja, decorrente da velocidade do desenvolvimento das tecnologias, economia
e política de um país, o que é capaz de gerar novas oportunidades provocadas
por esse desenvolvimento e pela democratização. Isso porque, o desafio de se
atingir um desenvolvimento econômico assim como social, acarreta grande empenho
político do governo para estruturar-se e/ou reorganizar-se de modo a produzir e
criar meios que possibilitem suas relações produtivas. Para tanto, é necessário
que se faça uma grande mudança na política socioeconômica do país, visando,
principalmente o bem-estar de sua população.
O desafio da universalização do desenvolvimento possui
como escopo o atendimento dos requisitos aqui expostos, para que se possa
alcançar então, um desenvolvimento econômico satisfatório, com índices ao
menos, humanos, de índices de desenvolvimento econômico e social.
4 DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE E DA
GERAÇÃO DE EMPREGOS
A
conciliação entre as exigências de melhoria contínua da competitividade das
empresas e de expansão das oportunidades de emprego para o fator trabalho.
Existem razões para a expansão da competitividade neste final de século, e têm
a ver com o crescente acirramento da concorrência entre as empresas em todos os
mercados.
Entre
os fatores, estão: Multipolarização,
que explica que a transposição do campo estratégico para a competição em
megamercados acirrou a concorrência mundial entre as empresas. Macroparcerias aborda que a
conseqüência mais importante dos processos de integração de economias nacionais
e de criação de áreas livres de comércio é o aumento da competitividade entre
as empresas de países interligados. Liberalização, que é um processo
fortemente associável aos de multipolarização e integração. Nas nações
integradas, a liberalização tende a se expandir, removendo-se, com o tempo,
todas as barreiras alfandegárias e não alfandegárias, fomentando, assim a livre
circulação de fatores produtivos e de produtos. Global-localização é outro fator de competitividade, com o
propósito estratégico de global-localização de grandes empresas, que levam as
empresas locais a ampliar a capacidade competitiva, alinhando-as aos padrões
mundiais. Inovação acelerada, cujo
objetivo é manter a competitividade das empresas inovadoras, pela continuada
superação das últimas marcas atingidas. Queda
de barreiras de entrada, que explica justamente a quebra de barreiras, onde
não há mais mercado cativos, rompem-se velhas fidelidades a marcas e antigas
parcerias nas cadeias de produção. O que passa a valer é a preservação e, se
possível, a melhoria da capacidade de competição.
A
geração de empregos: Razões e desafios
Em
paralelo aos motivos que levaram à expansão da competitividade entre as
empresas no final do século, passam a existir, também, fortes razões para a
expansão das oportunidades de emprego para o fator trabalho. Entre os fatores
que levam a isso, destacam-se o crescimento ainda acelerado da população
economicamente mobilizável, a presença da mulher no mercado de trabalho, que
tende a se manter com tendência de crescimento, a remoção do desemprego
involuntário e o desafio de universalização das condições materiais de
bem-estar.
Todos
esses fatores levaram a expansão da competitividade e de oportunidades de
emprego a baterem de frente. Os fatores que explicam essa nova realidade, como
já abordados, estão centrados na entrada maciça das mulheres no mercado de
trabalho, introdução de novas tecnologias que reduzem a demanda de mão-de-obra,
regulamentações públicas que inibem a contratação do fator trabalho e custos
sociais que se agregam aos salários.
5 OS SEIS DESAFIOS ECONÔMICOS
Para
qualquer país, cidade, região e qualquer grupo social organizado, esta
mundialização fez e faz seis principais desafios econômicos que, por sua
natureza, são profundamente "polítcos".
A
escolha dos seis desafios é particular, mas não eventual. Ela é determinada em
função de uma visão da sociedade e do mundo que não se encontra absolutamente
expressa nos princípios inspiradores e no funcionamento concreto da
mundialização atual. Com certeza deve existir outros desafios. Além disso,
outras análises poderiam definir de outra maneira os mesmos desafios. Os
principais desafios econômicos são:
a) A vitória de uma nova
"narração da economia", da sociedade do mundo, sendo a soma das novas
tecnologias mais a mundialização que resulta essa nova economia;
b) A submissão da tecnologia aos
interesses do capital, que é o protótipo da oferta competitiva e lógica da
substituição;
c) A precedência do capital enquanto
parâmetro do valor e a regulação pelo capital, sabendo-se que a propriedade dos
ganhos da produção pertence ao capital;
d) A redução da pessoa a
"recurso humano" (o pós-fordismo neotaylorista);
e) A mercantilização de qualquer
expressão ou experiência humana (os mercadores "everywhere,
anytime");
f) A rejeição dos bens comuns, sendo
a economia do individualismo conquistador e excludente.
5.1 A Nova narração
O primeiro desafio é
representado pela necessidade e pela urgência do domínio da nova grande
narração, que pretende ter levado aos fundos de batismo o nascimento de uma
nova economia, e conseqüentemente de uma nova sociedade, concomitantemente ao
início do século XXI, que já teria nascido em fins dos anos 80.
A nova economia seria a
filha do casamento entre a revolução científica e tecnológica, que explodiu
notadamente a partir do anos 70, pelas tecnologias de informação e de
comunicação (e-economia, e-comércio, e-empresa, e-formação, e-música, etc) e da
mundialização (liberalização, desregulamentação, privatização,
competitividade).
A nova
economia/sociedade se considera nova porque se proclama "a
economia/sociedade da informação" e/ou a "economia/sociedade do
conhecimento", para dizer que a principal fonte de criação e de produção
da riqueza seria hoje a informação e/ou o conhecimento.
Nestes últimos 25 anos, da
maioria dos produtos e dos serviços produzidos para o consumo das populações
mais ricas do mundo (que constituem 12% da população mundial em 1997), a parte
do custo que recaiu sobre os recursos imateriais, aumentou considerável e
rapidamente, enquanto que os que recaem sobre os fatores materiais caiu
maciçamente.
Contudo, em quê parte a
economia atual é nova e teria gerado uma nova sociedade? No plano tecnológico é
fato incontestável. No plano dos mecanismos financeiros com certeza é correto.
No plano da organização e da gestão das empresas é evidente.
A situação adquire cada
vez mais discretas mudanças, torna-se cada vez mais complexa, até mesmo
diferente se considerarmos outras dimensões e outras variáveis. A economia
atual não é nada nova do ponto de vista das dinâmicas da criação de
desigualdade e do empobrecimento. Ela está regredindo em relação à economia dos
anos 50 e 60. Nestes últimos anos ela acentuou a redução da pessoa humana a
"recurso humano". Longe de ter ampliado o campo do humano e do social,
ela tende a reduzir tudo, incluindo a espécie viva, a uma mera mercadoria. Até
mesmo o conhecimento tornou-se objeto de uma apropriação privada generalizada. Desde
então, a "nova economia" não fez mais do que dar força e poder ao
capital e aos seus detentores privados, acentuando a expropriação da democracia
representativa, que se tornou cada vez mais um simulacro. A "nova"
economia jogou no lixo os princípios da seguridade social coletiva, e de certo
modo solidária, para substituí-la (pensemos nos regimes de pensão por
capitalização) por princípios de individualização de seguridade atomizada,
dependente do valor do capital possuído. Desde então, em todo o mundo, o tempo
de viver voltou a proporções absurdas, enquanto que o tempo de trabalho (dito "escolhido"),
com mil estatutos, só faz aumentar. Segundo alguns jornais diários americanos,
como o New York Times de setembro de 2000, parece que os americanos dos Estados
Unidos têm cada vez menos tempo para dormir, para almoçar, pois eles têm que
trabalhar mais. Estamos em plena regressão histórica.
5.2 Para além da submissão da tecnologia
aos interesses do capital
O segundo desafio consiste no desenvolvimento
da ciência e da tecnologia a serviço do bem-estar social.
Sabemos que a ciência e
a tecnologia estão, regular e sistematicamente submissas principalmente aos
poderes militar e econômico, mas igualmente político e religioso. Contudo,
existem períodos em que essa submissão ocorreu no quadro de escolhas da
sociedade mais gerais, animados pela primazia concedida ao desenvolvimento do
bem-estar coletivo. Foi, por exemplo, o período dos anos 50 e 60, no decorrer
da segunda metade do século XX. A partir dos anos 70 a situação mudou: a
ciência e a tecnologia voltaram novamente a ser explicitamente instrumentos
postos a serviço dos objetivos
econômicos dos agentes privados, que eram as empresas. Há vinte anos, o
principal papel atribuído à política pública da R&D e da inovação
tecnológica é o de contribuir para a melhoria da competitividade das empresas
do país. Evidentemente, isto vale ainda mais para a política privada de R&D
e da inovação das próprias empresas, e num sentido ainda mais preciso que é o
de contribuir para a melhoria das taxas de rentabilidade do capital financeiro
da empresa. Aderindo inteiramente à submissão da ciência e da tecnologia ao
imperativo da competitividade e da melhoria da rentabilidade do capital
financeiro privado, as classes dirigentes políticas atuais de cada país estão
convencidas de que a melhoria da competitividade (pelo preço, pela qualidade,
pela variedade, pela flexibilidade) das empresas do país é o instrumento mais
eficaz para elevar o bem-estar econômico (e portanto social, dizem eles) da
população pela qual eles são responsáveis no plano político. A partir disso, eles
estão convencidos, a elevação contínua da rentabilidade privada do capital
financeiro é uma condição necessária para manter uma capacidade
"nacional" coletiva de inovação científica e tecnológica.
6 O DESAFIO-SÍNTESE: UM MODELO DE
REFERÊNCIA
Os grandes desafios econômicos
do mundo atual são fortemente correlacionados entre si e podem ser sintetizados
por duas expressões-chave: o desempenho econômico e as liberdades políticas. Os
novos padrões de desempenho socioeconômico resultam da reelaboração avançada
das questões-chave da economia, os requisitos mais recentes de competitividade
em escala global e de sustentabilidade do desenvolvimento. E os novos padrões
das liberdades políticas incorporam os pressupostos da desradicalização
ideológica.
Estas duas expressões-sínteses podem
ser transpostas para um modelo de referência que se definem quatro quadrantes,
diferenciáveis pelos padrões do desenvolvimento econômico e das liberdades
políticas.
Por definição, desempenho
socioeconômico satisfatório, incorporando os grades desafios do mundo atual,
compreende:
·
Eficiência produtiva, em seu sentido
convencional.
·
Capacidade de competição em ambiente
multipolarizado.
·
Eficácia alocativa, abrangendo a realização
do desenvolvimento sustentável.
·
Justiça distributiva, altos índices de
desenvolvimento humano e social.
Por definição, liberdades
políticas amplas compreende:
·
Liberdade de expressão e de reunião.
·
Liberdade de ir e vir.
·
Liberdade de organização e de empreendimento.
Os quadrantes A, B e C
sintetizam posições distanciadas do objetivo-síntese definido pelo quadrante D:
a realização de satisfatório desempenho econômico, em ambiente de amplas
liberdades políticas.
7 CONCLUSÃO
Como
exemplo, podemos citar a instabilidade global aprofundada pela sensação de
insegurança generalizada, ligada aos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e aos novos
conflitos armados subseqüentes, como a invasão e ocupação americana do Afeganistão a partir
de 2001, e a Invasão do Iraque em 2003, seguida
da ocupação permanente deste país. A militarização de
extensas regiões do globo e a redefinição do papel da OTAN, foi
acompanhada do surgimento de novas tensões estratégicas entre EUA e Rússia -
envolvendo o projeto de um escudo antimísseis americano -, além do terrorismo na Ásia
Central, acabaram produzindo novas alianças internacionais como
a Organização de Cooperação de Xangai em 2001.
A crise econômica de 2007-2008 reforçou a percepção
de instabilidade intrínseca ao Sistema Internacional, especialmente
diante de novos conflitos geopolíticos como a Guerra da Geórgia em 2008.
As atuais guerras, crises e as mudanças na geopolítica do
petróleo, dos recursos naturais e humanos, parecem indicar que a
Geopolítica continuará sendo uma abordagem relevante para interpretar a
realidade global.
8 REFERÊNCIAS
ROSSETTI,
José Paschoal. Introdução à economia.
20 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
PETRELLA,
Ricardo. Os principais desafios
econômicos da mundialização atual. Economianet. Publicado em 01 de dezembro
de 2003. Disponível em: <http://www.economiabr.net/2003/12/01/mundializacaoatual.html>.
Acesso em 08 de maio de 2011.
SOUZA,
Silvio Araújo de. A Reorganização da
economia mundial. Mundo Vestibular. Publicado em 26 de maio de 2008.
Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/articles/4269/1/A-REORGANIZACAO-DA-ECONOMIA-MUNDIAL/Paacutegina1.html>.
Acesso em 08 de maio de 2011.
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