Disciplina: Economia Professora:
Suzane
1. O que é inflação?
A
inflação é medida por índices de preço, que se dividem basicamente em índices
de preço ao consumidor e índice de preço ao produtor ou no atacado. Os índices
de preço são compostos por itens que integram a cesta de consumo do consumidor
final ou do produtor.
Os
institutos encarregados de apurar a inflação atribuem pesos diferentes a cada
um dos itens conforme a sua importância na cesta de consumo das pessoas e das
empresas e apuram a variação dos preços desse itens, em geral mês a mês.
2. Quais as causas da inflação
brasileira?
A sociedade aprendeu a se
defender da inflação. O resultado foi o mais complexo e abrangente sistema de
indexação de preços que já existiu em qualquer país. Todos os agentes
econômicos buscavam vincular os seus preços a índices de inflação. Assim, a
inflação do presente tendia a reproduzir a inflação do passado, salvo quando
havia muita incerteza em relação ao que aconteceria com a economia no futuro.
Por isso a inflação subia sempre em degraus, mas nunca descia. Nesse processo,
os preços subiam de elevador e os salários de escada. Ou seja, quem recebia
salário, gradualmente perdia o poder de compra.
A inflação foi uma das
principais causas de concentração da renda no Brasil na segunda metade do
século 20, pelas razões apontadas acima. Quem estava em bons empregos, tinha um
negócio bem estruturado e aplicações financeiras no banco podia defender-se da
inflação e até ganhar com ela. Ganhar em detrimento daqueles que não tinham
como se defender dela, os mais pobres, porque estes não conseguiam indexar os
seus salários, não tinham aplicações financeiras, etc.
Além de ser uma espécie de
imposto contra o pobre, a inflação dificultava o planejamento da vida de todas
as pessoas, famílias e empresas porque quando se tem inflação alta, crônica e
crescente, o futuro é uma incógnita, mesmo sendo o futuro imediato. Como se não
bastasse, a inflação facilitava a trapaça e a má fé porque as pessoas tinham
dificuldade de memorizar preços de serviços e produtos.
3. Histórico do processo inflacionário brasileiro:
Ø 1979 a 1985 - a inflação, que já havia atingido 100% ao ano no
período anterior, ultrapassa os 200% ao ano, na esteira de um segundo choque do
petróleo e de um choque de juros que pegou o Brasil muito endividado e levou à
moratória da dívida externa;
Ø 1986 a 1994 - quando vários programas heterodoxos de
estabilização, baseados no congelamento de preços, fracassaram e levaram a
inflação a patamares superiores a 1.000% ao ano;
Ø 1995 até
hoje - a inflação converge
progressivamente para níveis muito próximos aos observadores nos países
desenvolvidos.
4. Economia na Ditadura Militar
4.1. Conseqüências:
a)
Recessão –
para sanear a economia, o governo impõe uma política recessiva: diminui o ritmo
das obras públicas, corta subsídios (verbas destinadas a outros compromissos),
principalmente ao petróleo e aos produtos da cesta básica, dificulta o crédito
interno. Em pouco tempo, aumenta o número de falências e concordatas. No final
do governo Castello Branco, a inflação baixa para 23% anuais. A capacidade ociosa
da indústria é grande, o custo de vida está mais alto, há grande número de
desempregados, acentuada concentração de renda e da propriedade.
b)
Retomada do crescimento – A econômica volta a crescer no governo Castello
Branco. Os setores mais dinâmicos são as indústrias da construção civil e de
bens de consumo duráveis voltados para classes de alta renda, como automóveis e
eletrodomésticos. Expandiu-se também a pecuária e os produtos agrícolas de
exportação. Os bens de consumo não-duráveis, como calçados, vestuário, têxteis
e produtos alimentícios destinados à população de baixa renda têm reduzido e
até negativado.
c)
Milagre econômico – o PNB cresce, em média, 10% ao ano entre 1968 e 1973. Antonio Delfim
e o principal artífice do “milagre” aposta nas exportações para obter parte das
divisas necessárias às importações de máquinas, equipamentos e matérias-primas.
O crescimento do mercado mundial, na época, favorece essa estratégia, mas é a
política de incentivos governamentais as exportadores que garante seu sucesso.
d)
Concentração de renda – o valor real do salário mínimo cai drasticamente.
Em 1959, um trabalhador que ganhasse salário mínimo precisava trabalhar 65
horas para comprar os alimentos necessários para sua família. No final da
década de 70, o número de horas necessárias passa para 153.
e)
Crescimento da miséria – Os indicadores de qualidade de vida da população
despencam. Em 1975, um relatório do Banco Mundial mostra que 70 milhões de
pessoas estavam desnutridos, o equivalente a 65,4% da população, na época de
107 milhões de pessoas.
f)
Fim do milagre
– a partir de 1973, o crescimento econômico começa a declinar. No final da
década de 70, a inflação chega a 94,7% ao ano. Em 1980 bate em 110% e em 1983,
em 200%.
4. Quais as tentativas dos governos para
conter a inflação?
De 1986 a 1994, houve seis
planos de estabilização fracassados: Cruzado 1 (fev. 1986), Cruzado 2 (nov.
1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e Collor 2 (1991). A
inflação retrocedia momentaneamente, mas voltava com mais força em seguida, ao
passo em que o governo pudesse resolver o problema a confiança diminuía cada
vez mais.
Um dos erros básicos foi supor
que o congelamento de preços pudesse parar a inflação por tempo suficiente e
criar as condições políticas para atacar as causas de fundo da inflação
(desorganização das finanças públicas, uma economia muito fechada, etc.). Na
verdade, o congelamento de preços criava interesses políticos de fundo não eram
atacados, o congelamento desorganizava a economia e, quando acabava, a inflação
voltava explosivamente.
5. O Plano Real
Ø 1ª Fase: durou do final de 1993 a fevereiro de 1994,
consistindo na batalha por aprovar no Congresso medidas que assegurassem um
mínimo de controle sobre as contas públicas. Essa foi uma lição aprendida com
os planos anteriores: como a inflação alta ajudava o governo a fechar as suas
contas, se o objetivo era derrubá-la e mantê-la no chão, era preciso tomar as
rédeas das contas públicas.
Ø 2ª Fase: transcorreu de fevereiro a junho de 1994 e foi
marcada pela progressiva cotação dos preços em URV, uma unidade real de valor,
ou seja, uma referência estável de valor. O Cruzeiro Novo não saiu de cena de
imediato. A cada dia, o Banco Central fixava uma taxa de conversão da URV em
cruzeiros, baseada na média de três índices diários de inflação.
Ø 3ª Fase: começa com a emissão da nova moeda, o Real, em lugar
dos Cruzeiros Novos. A URV foi a parteira do Real.
Houveram
quatro razões para o sucesso do Real:
a) A
sociedade brasileira havia chegado a um ponto máximo de saturação com a
inflação, a tal ponto que mesmo os setores e grupos que se beneficiavam ela
estavam dispostos a virar aquela página da história;
b) O
aprendizado com a experiência fracassada dos plano anteriores;
c) A
economia brasileira já era mais aberta às importações do que nas vezes
anteriores, sendo que a possibilidade de importação disciplina os preços
internos;
d) A
liderança do então ministro da fazenda, que depois passou a ser Presidente da
República, Fernando Henrique Cardoso, que conseguiu reunir uma equipe econômica
qualificada, convencer o presidente Itamar a mobilizar força política na
sociedade e no Congresso e, finalmente, conquistar dois mandatos presidenciais
que permitiram avançar na consolidação da estabilidade econômica.
· O Plano Cruzado não estabeleceu metas para as
políticas monetárias e fiscal para complementar o programa de estabilização, ou
seja, não considerou a perda do imposto inflacionário;
· Os três planos não produziram mais do que represamento
temporário da inflação, visto que não solucionou conflitos distributivos e não
atacou desequilíbrios estruturais da economia;
· Do contrário, no período de implementação dos planos
Cruzado, Bresser e Verão, o
desequilíbrio das contas do governo se agravou. No Plano Real, o processo de
ajuste fiscal ainda é incompleto, mas já apresenta resultados, principalmente,
como resposta às privatizações de empresas públicas;
· Pode-se dizer ainda que, em comparação com a atual
política monetária, praticada desde o início do Plano Real, aquela praticada na
década de 80 foi predominantemente superficial;
· O sistema financeiro não contou com uma
re-estruturação mais completa como o aumento do poder de intervenção do BACEN
nas instituições financeiras, a permissão de cobrança de tarifas pela prestação
de serviços por parte das instituições financeiras, a criação da Central de
Risco de Crédito, a instituição do Programa de Estímulo à Re-estruturação do
Sistema Financeiro Nacional (PROER), dentre outras medidas adotadas somente
numa segunda fase do Plano Real.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/plano-real.jhtm
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