Segundo o roteirista Aaron Sorkin e o diretor David
Fincher, Mark Zuckerberg, um analista de sistemas graduado em Harvard, é um
jovem solitário, arrogante, excêntrico, criativo, calculista, que comporta uma
inteligência excepcional e ao mesmo tempo um complexo de inferioridade por não
conseguir se manter num relacionamento afetivo. Mark, para chamar a atenção de
um campus universitário, decide postar em seu blog críticas, revelações e detalhes de costumes, manias e
comportamento de sua ex-namorada, o que agravou sua situação com ela. O diretor
identifica nesta passagem os valores do Ego e os frutos que podemos trazer para
nós.
Ainda neste primeiro momento, Aaron Sorkin e David
Fincher revelam que Mark, insatisfeito com o desprezo de uma única pessoa, ele
decide “hackear” fotografias pessoais
de todas as meninas de Havard e criar um site
(o “FaceMash”) com enquetes para
todos os colegas de toda a faculdade votar na mais bonita e comparar a não
escolhida num animal. O resultado foi a revolta e o desprezo de todos, exceto
de seu melhor amigo Eduardo Saverin, que também recebeu por tabela o mesmo
sentimento, por estar envolvido diretamente. O diretor Fincher revela a idéia
de entrega ao descaso e ao fato de se assumir derrotado, na tentativa de
igualar todos num mesmo conceito de que qualquer um pode ser avaliado e
criticado.
No segundo momento, Aaron Sorkin e David Fincher
descrevem a idéia que Mark vem trabalhando em construir uma rede social que
possa envolver todos da faculdade e que possa ser de interesse coletivo. Sem
saber exatamente o que fazer, foi procurado pelos irmãos gêmeos, Cameron
Winklevoss e Tyler Winklevoss, juntamente com o amigo Divya Narendra, estudantes
na área de esportes e sem conhecimento sobre linguagem Java e Programação, que expõem a idéia de fazer um site de rede social voltada
exclusivamente aos alunos de Harvard, com autonomia de adicionar através de
convites qualquer pessoa que não faça parte dela. É aqui que o diretor Fincher
descreve o valor que as pessoas colocam numa pessoa que foi rejeitada por todos
e a chance dela se redimir, além da confiança dos três rapazes depositada em
Mark.
Aaron Sorkin e David Fincher registra no filme o
fascínio, a obsessão e o calculismo aflorados em Mark no projeto do “The
Facebook”, levando-o a perder noites, amigos, prazeres, juventude e um diploma
de nível superior. Mark não mediu esforços e tampouco a proporção do que
levaria o seu projeto, mas seu desejo era crescente e o impulsionava a
acreditar em suas idéias. O resultado desta crença e dedicação, com a ajuda
financeira do amigo Eduardo, foi a aceitação de todos, popularização interna e
externa dos membros da faculdade e a cobiça de pessoas fora da faculdade em
receber um convite a participar dos perfis sociais e do projeto, como Sean
Parker, co-autor do Napster – programa que derrubou a indústria fonográfica,
levando as gravadoras, produtoras e artistas conceituados, como Madonna, a derrubá-lo
– em se ingressar no projeto de Mark. Eduardo expressando ciúmes, abala-se a
amizade entre ele e Mark, o que o leva mais tarde ao afastamento dos negócios
graças à Sean. Fincher relata a comparação do que é mais importante: rever a
companhia de quem esteve lado-a-lado desde o pó ou enxergar o futuro na
companhia de quem dará quadros aos pilares já edificados?
Segundo Aaron Sorkin e David Fincher, o filme relata
bem a história de um rapaz dedicado e revela alguns valores que são essenciais
para a vida de uma pessoa. Mesmo que tenhamos fama e dinheiro, nada pode
sobrepujar o anseio da alma que é a atenção, a afeição e a aceitação. Os
“amigos” que lhes restaram no final da narração foram os que se aproximaram por
interesses, e os que se distanciaram foram os que se decepcionaram e cultivaram
ódio por toda a vida. Seu sucesso imortal o levou aos tribunais por aqueles que
gostariam de estar ao seu lado, mesmo retratados pela inveja e ciúmes.
Esse filme pode ser uma análise importante para os
gestores, empreendedores e estudantes de Administração, tanto no mundo
acadêmico quanto nas áreas de pesquisa social, podendo ajudar na reflexão dos
nossos comportamentos.
Além de interessante, esse filme serve para avaliarmos
o mundo metafórico, filosófico e empreendedor, e nos desperta a curiosidade de
saber como tudo funciona quando as idéias estão aflorando. Para isso devemos
pesquisar outras fontes, com olhos mais clínicos, voltados para a ciência em
sua amplitude e magnetismo.
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