quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

ECONOMIA: INFLAÇÃO

PERÍODO MILITAR vs PLANO REAL


Disciplina: Economia                                                    Professora: Suzane


1. O que é inflação?

                 É o aumento dos preços de bens e serviços comercializados numa economia. Quando é a diminuição, chama-se deflação. A inflação não se refere a um ou outro preço tomado individualmente, e sim, se refere sempre à media de um conjunto de preços. O aumento médio dos preços dos bens e serviços age em um determinado intervalo de tempo.

                A inflação é medida por índices de preço, que se dividem basicamente em índices de preço ao consumidor e índice de preço ao produtor ou no atacado. Os índices de preço são compostos por itens que integram a cesta de consumo do consumidor final ou do produtor.

                Os institutos encarregados de apurar a inflação atribuem pesos diferentes a cada um dos itens conforme a sua importância na cesta de consumo das pessoas e das empresas e apuram a variação dos preços desse itens, em geral mês a mês.
 

2. Quais as causas da inflação brasileira?

                 Em toda essa história, a inflação sempre esteve ligada a desequilíbrios internos, especificamente ao crescimento exagerado da despesa do governo, levando a um aquecimento da demanda muito acima da capacidade da oferta, a choques externos, tais como mudanças desfavoráveis na economia internacional, e a turbulências políticas internas, as incertezas quanto ao comportamento do governo em relação à economia, fatores que muitas vezes retro-alimentavam.

                A sociedade aprendeu a se defender da inflação. O resultado foi o mais complexo e abrangente sistema de indexação de preços que já existiu em qualquer país. Todos os agentes econômicos buscavam vincular os seus preços a índices de inflação. Assim, a inflação do presente tendia a reproduzir a inflação do passado, salvo quando havia muita incerteza em relação ao que aconteceria com a economia no futuro. Por isso a inflação subia sempre em degraus, mas nunca descia. Nesse processo, os preços subiam de elevador e os salários de escada. Ou seja, quem recebia salário, gradualmente perdia o poder de compra.

                A inflação foi uma das principais causas de concentração da renda no Brasil na segunda metade do século 20, pelas razões apontadas acima. Quem estava em bons empregos, tinha um negócio bem estruturado e aplicações financeiras no banco podia defender-se da inflação e até ganhar com ela. Ganhar em detrimento daqueles que não tinham como se defender dela, os mais pobres, porque estes não conseguiam indexar os seus salários, não tinham aplicações financeiras, etc.

                Além de ser uma espécie de imposto contra o pobre, a inflação dificultava o planejamento da vida de todas as pessoas, famílias e empresas porque quando se tem inflação alta, crônica e crescente, o futuro é uma incógnita, mesmo sendo o futuro imediato. Como se não bastasse, a inflação facilitava a trapaça e a má fé porque as pessoas tinham dificuldade de memorizar preços de serviços e produtos.


3. Histórico do processo inflacionário brasileiro:
 

Ø 1979 a 1985 - a inflação, que já havia atingido 100% ao ano no período anterior, ultrapassa os 200% ao ano, na esteira de um segundo choque do petróleo e de um choque de juros que pegou o Brasil muito endividado e levou à moratória da dívida externa;

Ø 1986 a 1994 - quando vários programas heterodoxos de estabilização, baseados no congelamento de preços, fracassaram e levaram a inflação a patamares superiores a 1.000% ao ano;

Ø 1995 até hoje - a inflação converge progressivamente para níveis muito próximos aos observadores nos países desenvolvidos.

4. Economia na Ditadura Militar

                 No início do Regime Militar a inflação chega a 80% ao ano. O crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB) é de apenas 1,6% ao ano e a taxa de investimentos é quase nula. Diante desse quadro, o governo adota uma política recessiva e monetarista, consolidada no Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG), elaborado pelos ministros da Fazenda, Roberto de Oliveira Campos e Octávio Gouvêa de Bulhões. Seus objetivos são sanear a economia e baixar a inflação para 10% ao ano, criar condições para que o PNB cresça 6% ao ano, equilibrar o balanço de pagamentos e diminuir as desigualdades regionais. Parte desses objetivos é alcançada. No entanto, em 1983, a inflação ultrapassa os 200% e a dívida externa supera os US$ 90 bilhões.


4.1. Conseqüências:


a)       Recessão – para sanear a economia, o governo impõe uma política recessiva: diminui o ritmo das obras públicas, corta subsídios (verbas destinadas a outros compromissos), principalmente ao petróleo e aos produtos da cesta básica, dificulta o crédito interno. Em pouco tempo, aumenta o número de falências e concordatas. No final do governo Castello Branco, a inflação baixa para 23% anuais. A capacidade ociosa da indústria é grande, o custo de vida está mais alto, há grande número de desempregados, acentuada concentração de renda e da propriedade.

b)       Retomada do crescimento – A econômica volta a crescer no governo Castello Branco. Os setores mais dinâmicos são as indústrias da construção civil e de bens de consumo duráveis voltados para classes de alta renda, como automóveis e eletrodomésticos. Expandiu-se também a pecuária e os produtos agrícolas de exportação. Os bens de consumo não-duráveis, como calçados, vestuário, têxteis e produtos alimentícios destinados à população de baixa renda têm reduzido e até negativado.

c)       Milagre econômico – o PNB cresce, em média, 10% ao ano entre 1968 e 1973. Antonio Delfim e o principal artífice do “milagre” aposta nas exportações para obter parte das divisas necessárias às importações de máquinas, equipamentos e matérias-primas. O crescimento do mercado mundial, na época, favorece essa estratégia, mas é a política de incentivos governamentais as exportadores que garante seu sucesso.

d)       Concentração de renda – o valor real do salário mínimo cai drasticamente. Em 1959, um trabalhador que ganhasse salário mínimo precisava trabalhar 65 horas para comprar os alimentos necessários para sua família. No final da década de 70, o número de horas necessárias passa para 153.

e)       Crescimento da miséria – Os indicadores de qualidade de vida da população despencam. Em 1975, um relatório do Banco Mundial mostra que 70 milhões de pessoas estavam desnutridos, o equivalente a 65,4% da população, na época de 107 milhões de pessoas.

f)        Fim do milagre – a partir de 1973, o crescimento econômico começa a declinar. No final da década de 70, a inflação chega a 94,7% ao ano. Em 1980 bate em 110% e em 1983, em 200%.

  

4. Quais as tentativas dos governos para conter a inflação?

                De 1986 a 1994, houve seis planos de estabilização fracassados: Cruzado 1 (fev. 1986), Cruzado 2 (nov. 1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor 1 (1990) e Collor 2 (1991). A inflação retrocedia momentaneamente, mas voltava com mais força em seguida, ao passo em que o governo pudesse resolver o problema a confiança diminuía cada vez mais.

                Um dos erros básicos foi supor que o congelamento de preços pudesse parar a inflação por tempo suficiente e criar as condições políticas para atacar as causas de fundo da inflação (desorganização das finanças públicas, uma economia muito fechada, etc.). Na verdade, o congelamento de preços criava interesses políticos de fundo não eram atacados, o congelamento desorganizava a economia e, quando acabava, a inflação voltava explosivamente.


5. O Plano Real

                 Se desdobrou em três fases e, diferentemente dos anteriores, foi anunciado antecipadamente à sociedade. Em nenhum momento houve congelamento de preços.


Ø 1ª Fase: durou do final de 1993 a fevereiro de 1994, consistindo na batalha por aprovar no Congresso medidas que assegurassem um mínimo de controle sobre as contas públicas. Essa foi uma lição aprendida com os planos anteriores: como a inflação alta ajudava o governo a fechar as suas contas, se o objetivo era derrubá-la e mantê-la no chão, era preciso tomar as rédeas das contas públicas.

Ø 2ª Fase: transcorreu de fevereiro a junho de 1994 e foi marcada pela progressiva cotação dos preços em URV, uma unidade real de valor, ou seja, uma referência estável de valor. O Cruzeiro Novo não saiu de cena de imediato. A cada dia, o Banco Central fixava uma taxa de conversão da URV em cruzeiros, baseada na média de três índices diários de inflação.

Ø 3ª Fase: começa com a emissão da nova moeda, o Real, em lugar dos Cruzeiros Novos. A URV foi a parteira do Real.


                Houveram quatro razões para o sucesso do Real:


      a) A sociedade brasileira havia chegado a um ponto máximo de saturação com a inflação, a tal ponto que mesmo os setores e grupos que se beneficiavam ela estavam dispostos a virar aquela página da história;

      b) O aprendizado com a experiência fracassada dos plano anteriores;

      c) A economia brasileira já era mais aberta às importações do que nas vezes anteriores, sendo que a possibilidade de importação disciplina os preços internos;

      d) A liderança do então ministro da fazenda, que depois passou a ser Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que conseguiu reunir uma equipe econômica qualificada, convencer o presidente Itamar a mobilizar força política na sociedade e no Congresso e, finalmente, conquistar dois mandatos presidenciais que permitiram avançar na consolidação da estabilidade econômica.


                Ao compararmos o Plano Real aos anteriores, observamos:


·       O Plano Cruzado não estabeleceu metas para as políticas monetárias e fiscal para complementar o programa de estabilização, ou seja, não considerou a perda do imposto inflacionário;

·       Os três planos não produziram mais do que represamento temporário da inflação, visto que não solucionou conflitos distributivos e não atacou desequilíbrios estruturais da economia;

·       Do contrário, no período de implementação dos planos Cruzado, Bresser e Verão,  o desequilíbrio das contas do governo se agravou. No Plano Real, o processo de ajuste fiscal ainda é incompleto, mas já apresenta resultados, principalmente, como resposta às privatizações de empresas públicas;

·       Pode-se dizer ainda que, em comparação com a atual política monetária, praticada desde o início do Plano Real, aquela praticada na década de 80 foi predominantemente superficial;

·       O sistema financeiro não contou com uma re-estruturação mais completa como o aumento do poder de intervenção do BACEN nas instituições financeiras, a permissão de cobrança de tarifas pela prestação de serviços por parte das instituições financeiras, a criação da Central de Risco de Crédito, a instituição do Programa de Estímulo à Re-estruturação do Sistema Financeiro Nacional (PROER), dentre outras medidas adotadas somente numa segunda fase do Plano Real.



Fonte: http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/plano-real.jhtm

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