quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

ECONOMIA: OS GRANDES DESAFIOS DO MUNDO ATUAL

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Nova Ordem Geopolítica Mundial


Trabalho apresentado ao Curso de Administração / Publicidade e Propaganda  da UNEF – Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana, para a disciplina de Economia.



Profª Suzane

 Feira de Santana - BA
2011




1     INTRODUÇÃO

                         A mundialização, disse Henry Kissinger, é como a chuva: podemos evitar a chuva? Esta tese é duplamente mistificadora. Por um lado ela pretende faze crer que a mundialização atual seria um fenômeno "natural", por outro, ela estabelece uma relação falsa. A saber: ser contra a mundialiazação atual significa que somos contra a mundialização.




                        Existem três definições que descrevem a mundialiazação atual. São elas:

            a) Primeira definição: sendo a mais fiel possível dos casos observáveis, podemos dizer que a mundialização atual é o conjunto dos processos que permitem produzir, distribuir e consumir bens e serviços a partir de estruturas de valorização dos fatores de produção materiais e imateriais organizados em bases mundiais para mercados mundiais regulados por normas e padrões mundiais, para organizações nascidas ou que agem em bases mundiais com uma cultura pretensamente mundializante e obedecendo as estratégias mundiais, das quais é difícil determinar uma "única territorialidade (jurídica, econômica, tecnológica) em razão das diversas múltiplas formas - evolutivas - de laços, de integração e de alianças em rede que elas estabelecem entre si.

            b) Segunda definição: através de uma abordagem que ultrapasse os casos observáveis, podendo tornar um pouco mais próxima da realidade dinâmica a descrição do que é mundialização atual, dizendo que ela é um conjunto de princípios ideológicos, de concepções teóricas e de instituições e mecanismos, tais como a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, fundado na primazia de três poderes:

·         Poder de Mercado - representado pelo fato de que  mercado é considerado como o dispositivo principal para a regulação eficaz da alocação dos recursos disponíveis, locais e mundiais;

·         Poder da Empresa - pelo fato de que esta é alçada ao nível de primeiro ator, dominando o campo produtivo e portanto a responsabilidade do bem-estar econômico e social da população;

·         Poder do Capital - que lhe é atribuído pelo fato de que ele é considerado o parâmetro de definição do valor, o que dá ao objetivo de tornar máximo o lucro de capital, o estatuto de objetivo prioritário

                        Estes três poderes tiram a sua legitimidade unicamente do fato de que a sua função é a de tornar máximo a utilidade individual dos agentes "econômicos" (o produtor, o consumidor, o acionista)  e pela justificação que dão à luta pela sobrevivência entre interesses individuais conflitantes, donde o princípio de competitividade, graças à utilização da ciências e da tecnologia, numa lógica de substituição dos processos, dos produtos e dos serviços existentes.

            c) Terceira definição: Os princípios ideológicos, os entendimentos teóricos e as instituições e mecanismos instalados que mencionamos rapidamente mostram que, em última análise, a munidialização atual pode ser atendida sobretudo como a narração do mundo e da sociedade atualmente dominante, desenvolvida e difundida por uma nova classe técnico-científica-capitalista mundial que se impôs, a partir dos anos 70, como a classe "proprietária" dos saberes e dos meios de poder financeiro, graças:

·         a implantação tecno-científica e a desmaterialização da economia e da condição humana, sob o efeito, entre outros, da "revolução" das tecnologias da informação e de comunicação, o que acelerou a implantação financeira da economia;

·         a crise de saturação da economia ocidental, que favoreceu e justificou a afirmação dos "três poderes" acima citados e da Santíssima Trindade (os processos de liberalização, de desregulamentação e de privatização);

·         a perda da credibilidade política, enquanto era a alternativa possível e desejada para o capitalismo de mercado ocidental, pela parte do "socialismo dito real" (o comunismo totalitário militar-burocrático da União Soviética e da China);

·         ao fracasso da descolonização, tanto por parte das classes dirigentes, do "Sul" (cuja criatividade e energia foram empregadas na instalação de regimes ditatoriais e guerras de poder inter-estatais) quanto pelas do "Norte", que, na medida em que a "ameaça" da alternativa soviética e chinesa enfraquecida, soltaram os freios para os interesses das forças capitalistas ocidentais, em particular, ao poder tecnológico militar, industrial e comercial dos Estados Unidos.

                        De fato, esta nova classe mundial encontrou no poder estatal-militar nacional dos Estados Unidos e de suas redes, o suporte político-institucional de sua dominação. Não é por acaso que esta dominação se estende, entre outras, nos últimos 15 anos, pela emergência e pela consolidação do feito imperial americano.


2     A CONSOLIDAÇÃO DA NOVA ORDEM GEOPOLÍTICA MUNDIAL



                        Uma nova ordem geopolítica está se estabilizando neste início do século 21. Os 70 anos que se alargaram na revolução coletivista soviética de 1917 até o término da Guerra Fria e a abertura da Cortina de Ferro, no final dos anos 80, foram determinados por crescente tensão, cuja razão é dada:

§  pelo equilíbrio que deu efeito ao processo do país armar-se com o intuito de influenciar a mudança de opinião de outros [países] e do temor das dimensões terminais de uma nova conflagração em escala global;

§  pela distensão, pelas cúpulas de desarmamento e pela re-assimilação leste-oeste.


                        As desarmonias ideológicas que dividiram o mundo durante quase 70 anos no século 20 originaram-se de valores de referência diametralmente opostos, como os sintetizados na polarização superada no conflito leste-oeste fundamentado em sistemas de valores divergentes. A intransigência na defesa dos postulados de cada um desses dois pólos acabou por conduzir à confrontação ideológica radical e à Guerra Fria.

                        Dá pra visualizar a extraordinária força dogmática do marxismo-leninismo, em amparo ao igualitarismo, do monopartidarismo, da propriedade coletivizada, do governo como agente dominante e da economia de comando central, como também a racionalidade do modelo liberal-individualista, teoricamente demonstrável pela idéia da curva de indiferença (lógica de Pareto), que parecia ter forças dogmáticas equivalentes às das concepções coletivistas, resultando politicamente vulnerável e destituída de militância convincente.

                        O aparente desequilíbrio dos apelos políticos e das âncoras ideológicas desses pólos antagônicos parecia conduzir à supremacia de um sistema sobre o outro. Diante de polarizações instruidamente desequilibradas, não se descartava a hipótese da confrontação militar.

                        Entre as décadas 20 a 90, as contestações radicalizadas praticamente cegaram os ganhos e perdas dos sistemas opostos: na eficiência produtiva, na eficácia locativa e na justiça distributiva. No leste, a eficiência minava progressivamente pelos próprios fundamentos do sistema, podendo vazar na decomposição da economia como um todo. No ocidente, as intenções da eficiência privada poderiam dificultar a separação justa da riqueza gerada e comprometer a força da economia como um todo. Por causa do forte conteúdo ideológico, as disputas extremadas não davam brechas para desfazer a radicalização, mesmo quando o modelo ocidental tentara corrigir seus vícios e deficiências, ao contrário do modelo coletivista, que demonstrava evidências da dificuldade em escapar das correções de base.

                        Nos anos 80, as radicalizações já vibravam como destoada dos usos da época a que se atribuía, como exemplo:

§  saiu da confrontação geopolítica aberta para a superação do conflito leste-oeste;

§  saiu da militarização do conflito ideológico para a desmilitarização das divergências e a distensão;

§  saiu da separação de dois mundos por uma cortina de ferro para a emergência de propósitos convergentes;

§  saiu dos imperialismos fundamentados em crenças e valores divergentes, para os movimentos de integração sancionados por interesses econômicos comuns.



2.1 A nova ordem geopolítica: os blocos de integração



                        Para os avanços decorrentes dos processos de desfazer a radicalização ideológica e de re-assimilação leste-oeste contrapõem-se novos desafios. A nova ordem geopolítica mundial traz dois desafios consideráveis:

            a) A transposição do modelo bipolar, fundamentado em radicalizações ideológicas, para o modelo multipolar, centrado na capacidade de competição no campo econômico;

            b) A consolidação dos processos de integração econômica e política e a dilatação das novas esferas macrorregionais de co-prosperidade.



2.1.1 Modelo Multipolar


                        No início do século, a economia mundial definia-se por um modelo de hegemonia unipolar, ou seja, por um conjunto de indicadores de desempenho diferenciado. Os Estados Unidos eram hegemônicos, nos seguintes aspectos:

§  diversidade de bens e serviços e lançamento continuado de novos produtos, com avançados padrões de qualidade e de modernidade;

§  novas conquistas científicas e tecnológicas, básicas e aplicadas;

§  capacitação gerencial em todas as funções administrativas;

§  dimensões e eficiência operacional as empresas;

§  estratégia de desenvolvimento de novos negócios e energia empreendedora.

                        Embora a grande depressão dos anos 30 tenha abalado a economia norte-americana, os Estados Unidos mantiveram-se como principal pólo mundial de irradiação de progresso e de prosperidade. Nas décadas de 40 até 70, a economia norte-americana recobrou a posição de liderança. Nos 30 próximos anos após a Segunda Guerra Mundial, o surgimento de duas estruturas competitivas para a união econômica da nova Ásia industrial e da Europa ocidental caracterizou a bipolarização EUA-URSS, definida por critérios ideológicos e estratégico-militar, centrando seus esforços na corrida armamentista e em atividades que dessem suporte aos avanços tecnológicos de interesse bélico e à demonstração de superioridade estratégica.

                        Nos anos 80, o sistema bipolar desfez sua articulação. O armamentismo acentuado e seus custos crescentes de sustentação enfraqueceu a duas superpotências em outro campo clássico das relações internacionais, o econômico, comprometendo os investimentos em infra-estrutura de pesquisa, desenvolvimento, ciência e tecnologia para fins civis e o equilíbrio orçamentário.

                        Já na transição dos anos 80 para os anos 90, os fatores de supremacia e de poder já não se definiam mais nos campos ideológicos e estratégico-militar, mas no econômico, destacando-se assim como novos fatores:

§  Domínio de informações estratégicas sobre negócios;

§  Atratividade do país para absorver capitais privados e autônomos para investimentos em estruturas produtivas;

§  Custos sistêmicos competitivos: o governo como parte integrante da competitividade da nação em escala global;

§  Domínio de tecnologias avançadas de produção e de gerenciamento;

§  Cadeias competitivas de suprimentos;

§  Estruturas de mercado não cartelizadas, estimulando posturas competitivas em mega-mercados;

§  Macroparcerias internacionais: co-participação em mercados comuns, uniões alfandegárias e blocos de integração;

§  Peso absoluto do PNB das economias integradas em macroparcerias.

                                    Através desses novos fatores, definimos um novo sistema multipolar, fundamentado em diferenciais competitivos no campo econômico no campo econômico.


3     O DESAFIO DA UNIVERSALIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO


Após o segundo pós-guerra, a evolução econômica tornou-se o centro das discussões políticas e sociais, tornando-se tema de interesse público, sendo seu principal foco, a expansão do PNB per capita.

O desafio da universalização do desenvolvimento vai muito além do conceito convencional do PNB per capita, eis que o crescimento passou a traduzir-se em sinônimo de crescimento econômico, especialmente devido à sua íntima relação com o desenvolvimento humano (ROSSETTI, 2003,pg.364).

A pesar de não ser única fonte de amostra da distância econômica e social entre as nações, o PNB per capita figura como grande medidor destas duas realidades entre os países. Indicadores desta realidade, podem ser melhor observados em tabela em anexo, extraída da obra de Rossetti.

Ante ao exposto, exemplo deste distanciamento, está no fato de que, enquanto os países de baixa renda realizam 30% do produto mundial bruto e possuem 35,6% da população mundial, aqueles de renda elevada realizam 49,7% do PNB bruto enquanto reúnem apenas 7,3% da população.

A partir desta informação e das demais que se pode extrair das tabelas ora apresentadas, verifica-se que são nitidamente perceptíveis as disparidades nos setores básicos de educação (elevando índice de trabalho agrícola; taxa elevada de analfabetismo; alto nível de desemprego); saúde (mortalidade infantil elevada,porém com alto índice de natalidade o que sugere grande expansão demográfica); nutrição (concentração de renda destinada à alimentação) e habitação nos países com menos de 1.000 dólares anuais de PNB e os demais, ressaltando-se ainda que, nos países de baixo PNB per capita, a renda é concentrada nas mãos de parcela da sociedade, e não distribuída igualitariamente ou, até mesmo, justamente a esta, como um todo.

Face aos elementos acima demonstrados, instituições de pesquisas econômicas e sociais preocupam-se com a adoção de novos métodos para se medir, com maior precisão o desenvolvimento dos países, são eles:



               a) IDH – índice de desenvolvimento humano,que considera, dentre outros fatores, a expectativa de vida ao nascer,taxa de alfabetização dos adultos, poder de compra, acesso ao lazer, além de observar os graus de liberdade política.

               b) IDS – índice de desenvolvimento social, que é analisado através de conceitos e análises da expectativa de vida ao nascer, nível educacional e conforto e saneamento, estando este incide, mais ligado às políticas dos países em desenvolvimento, por focar-se em sua realidade social.         

Ex positis, verifica-se que a grande dificuldade na universalização do desenvolvimento reside na situação de acentuado atraso econômico e social que encontram-se os países pobres, que não conseguem erguer-se quando o PNB demonstra-se muito baixo, o que acaba por agravar as necessidades de consumo, educação e outros, conduzindo estes países a baixos níveis de produtividade.

Deve-se conciliar a expansão das atividades econômicas com a expansão das oportunidades de educação e emprego, eis que é esta integração que possibilitará o decréscimo do desemprego involuntário. Não se pode esquecer ainda, de agrupar-se à este conjunto,o fator ambiental,eis que o desenvolvimento sustentável é necessário tanto para a ordem econômica, quanto para o desenvolvimento social. Dessa forma, buscar-se-á utilizar os recursos do presente, sem comprometer as necessidades das futuras gerações.

O significado de universalização possui cunho evolutivo, ou seja, decorrente da velocidade do desenvolvimento das tecnologias, economia e política de um país, o que é capaz de gerar novas oportunidades provocadas por esse desenvolvimento e pela democratização. Isso porque, o desafio de se atingir um desenvolvimento econômico assim como social, acarreta grande empenho político do governo para estruturar-se e/ou reorganizar-se de modo a produzir e criar meios que possibilitem suas relações produtivas. Para tanto, é necessário que se faça uma grande mudança na política socioeconômica do país, visando, principalmente o bem-estar de sua população.

O desafio da universalização do desenvolvimento possui como escopo o atendimento dos requisitos aqui expostos, para que se possa alcançar então, um desenvolvimento econômico satisfatório, com índices ao menos, humanos, de índices de desenvolvimento econômico e social.


4     DESAFIOS DA COMPETITIVIDADE E DA GERAÇÃO DE EMPREGOS


A conciliação entre as exigências de melhoria contínua da competitividade das empresas e de expansão das oportunidades de emprego para o fator trabalho. Existem razões para a expansão da competitividade neste final de século, e têm a ver com o crescente acirramento da concorrência entre as empresas em todos os mercados.

Entre os fatores, estão: Multipolarização, que explica que a transposição do campo estratégico para a competição em megamercados acirrou a concorrência mundial entre as empresas. Macroparcerias aborda que a conseqüência mais importante dos processos de integração de economias nacionais e de criação de áreas livres de comércio é o aumento da competitividade entre as empresas de países interligados.  Liberalização, que é um processo fortemente associável aos de multipolarização e integração. Nas nações integradas, a liberalização tende a se expandir, removendo-se, com o tempo, todas as barreiras alfandegárias e não alfandegárias, fomentando, assim a livre circulação de fatores produtivos e de produtos. Global-localização é outro fator de competitividade, com o propósito estratégico de global-localização de grandes empresas, que levam as empresas locais a ampliar a capacidade competitiva, alinhando-as aos padrões mundiais. Inovação acelerada, cujo objetivo é manter a competitividade das empresas inovadoras, pela continuada superação das últimas marcas atingidas. Queda de barreiras de entrada, que explica justamente a quebra de barreiras, onde não há mais mercado cativos, rompem-se velhas fidelidades a marcas e antigas parcerias nas cadeias de produção. O que passa a valer é a preservação e, se possível, a melhoria da capacidade de competição.

A geração de empregos: Razões  e desafios

Em paralelo aos motivos que levaram à expansão da competitividade entre as empresas no final do século, passam a existir, também, fortes razões para a expansão das oportunidades de emprego para o fator trabalho. Entre os fatores que levam a isso, destacam-se o crescimento ainda acelerado da população economicamente mobilizável, a presença da mulher no mercado de trabalho, que tende a se manter com tendência de crescimento, a remoção do desemprego involuntário e o desafio de universalização das condições materiais de bem-estar.

Todos esses fatores levaram a expansão da competitividade e de oportunidades de emprego a baterem de frente. Os fatores que explicam essa nova realidade, como já abordados, estão centrados na entrada maciça das mulheres no mercado de trabalho, introdução de novas tecnologias que reduzem a demanda de mão-de-obra, regulamentações públicas que inibem a contratação do fator trabalho e custos sociais que se agregam aos salários.

                       

5     OS SEIS DESAFIOS ECONÔMICOS



Para qualquer país, cidade, região e qualquer grupo social organizado, esta mundialização fez e faz seis principais desafios econômicos que, por sua natureza, são profundamente "polítcos".

A escolha dos seis desafios é particular, mas não eventual. Ela é determinada em função de uma visão da sociedade e do mundo que não se encontra absolutamente expressa nos princípios inspiradores e no funcionamento concreto da mundialização atual. Com certeza deve existir outros desafios. Além disso, outras análises poderiam definir de outra maneira os mesmos desafios. Os principais desafios econômicos são:

            a) A vitória de uma nova "narração da economia", da sociedade do mundo, sendo a soma das novas tecnologias mais a mundialização que resulta essa nova economia;

            b) A submissão da tecnologia aos interesses do capital, que é o protótipo da oferta competitiva e lógica da substituição;

            c) A precedência do capital enquanto parâmetro do valor e a regulação pelo capital, sabendo-se que a propriedade dos ganhos da produção pertence ao capital;

            d) A redução da pessoa a "recurso humano" (o pós-fordismo neotaylorista);

            e) A mercantilização de qualquer expressão ou experiência humana (os mercadores "everywhere, anytime");

            f) A rejeição dos bens comuns, sendo a economia do individualismo conquistador e excludente.



5.1 A Nova narração



                        O primeiro desafio é representado pela necessidade e pela urgência do domínio da nova grande narração, que pretende ter levado aos fundos de batismo o nascimento de uma nova economia, e conseqüentemente de uma nova sociedade, concomitantemente ao início do século XXI, que já teria nascido em fins dos anos 80.

                        A nova economia seria a filha do casamento entre a revolução científica e tecnológica, que explodiu notadamente a partir do anos 70, pelas tecnologias de informação e de comunicação (e-economia, e-comércio, e-empresa, e-formação, e-música, etc) e da mundialização (liberalização, desregulamentação, privatização, competitividade).

                        A nova economia/sociedade se considera nova porque se proclama "a economia/sociedade da informação" e/ou a "economia/sociedade do conhecimento", para dizer que a principal fonte de criação e de produção da riqueza seria hoje a informação e/ou o conhecimento.

                        Nestes últimos 25 anos, da maioria dos produtos e dos serviços produzidos para o consumo das populações mais ricas do mundo (que constituem 12% da população mundial em 1997), a parte do custo que recaiu sobre os recursos imateriais, aumentou considerável e rapidamente, enquanto que os que recaem sobre os fatores materiais caiu maciçamente.

                        Contudo, em quê parte a economia atual é nova e teria gerado uma nova sociedade? No plano tecnológico é fato incontestável. No plano dos mecanismos financeiros com certeza é correto. No plano da organização e da gestão das empresas é evidente.

                        A situação adquire cada vez mais discretas mudanças, torna-se cada vez mais complexa, até mesmo diferente se considerarmos outras dimensões e outras variáveis. A economia atual não é nada nova do ponto de vista das dinâmicas da criação de desigualdade e do empobrecimento. Ela está regredindo em relação à economia dos anos 50 e 60. Nestes últimos anos ela acentuou a redução da pessoa humana a "recurso humano". Longe de ter ampliado o campo do humano e do social, ela tende a reduzir tudo, incluindo a espécie viva, a uma mera mercadoria. Até mesmo o conhecimento tornou-se objeto de uma apropriação privada generalizada. Desde então, a "nova economia" não fez mais do que dar força e poder ao capital e aos seus detentores privados, acentuando a expropriação da democracia representativa, que se tornou cada vez mais um simulacro. A "nova" economia jogou no lixo os princípios da seguridade social coletiva, e de certo modo solidária, para substituí-la (pensemos nos regimes de pensão por capitalização) por princípios de individualização de seguridade atomizada, dependente do valor do capital possuído. Desde então, em todo o mundo, o tempo de viver voltou a proporções absurdas, enquanto que o tempo de trabalho (dito "escolhido"), com mil estatutos, só faz aumentar. Segundo alguns jornais diários americanos, como o New York Times de setembro de 2000, parece que os americanos dos Estados Unidos têm cada vez menos tempo para dormir, para almoçar, pois eles têm que trabalhar mais. Estamos em plena regressão histórica.



5.2 Para além da submissão da tecnologia aos interesses do capital



                        O  segundo desafio consiste no desenvolvimento da ciência e da tecnologia a serviço do bem-estar social.

                        Sabemos que a ciência e a tecnologia estão, regular e sistematicamente submissas principalmente aos poderes militar e econômico, mas igualmente político e religioso. Contudo, existem períodos em que essa submissão ocorreu no quadro de escolhas da sociedade mais gerais, animados pela primazia concedida ao desenvolvimento do bem-estar coletivo. Foi, por exemplo, o período dos anos 50 e 60, no decorrer da segunda metade do século XX. A partir dos anos 70 a situação mudou: a ciência e a tecnologia voltaram novamente a ser explicitamente instrumentos postos  a serviço dos objetivos econômicos dos agentes privados, que eram as empresas. Há vinte anos, o principal papel atribuído à política pública da R&D e da inovação tecnológica é o de contribuir para a melhoria da competitividade das empresas do país. Evidentemente, isto vale ainda mais para a política privada de R&D e da inovação das próprias empresas, e num sentido ainda mais preciso que é o de contribuir para a melhoria das taxas de rentabilidade do capital financeiro da empresa. Aderindo inteiramente à submissão da ciência e da tecnologia ao imperativo da competitividade e da melhoria da rentabilidade do capital financeiro privado, as classes dirigentes políticas atuais de cada país estão convencidas de que a melhoria da competitividade (pelo preço, pela qualidade, pela variedade, pela flexibilidade) das empresas do país é o instrumento mais eficaz para elevar o bem-estar econômico (e portanto social, dizem eles) da população pela qual eles são responsáveis no plano político. A partir disso, eles estão convencidos, a elevação contínua da rentabilidade privada do capital financeiro é uma condição necessária para manter uma capacidade "nacional" coletiva de inovação científica e tecnológica.


6     O DESAFIO-SÍNTESE: UM MODELO DE REFERÊNCIA


                 Os grandes desafios econômicos do mundo atual são fortemente correlacionados entre si e podem ser sintetizados por duas expressões-chave: o desempenho econômico e as liberdades políticas. Os novos padrões de desempenho socioeconômico resultam da reelaboração avançada das questões-chave da economia, os requisitos mais recentes de competitividade em escala global e de sustentabilidade do desenvolvimento. E os novos padrões das liberdades políticas incorporam os pressupostos da desradicalização ideológica.

                 Estas duas expressões-sínteses podem ser transpostas para um modelo de referência que se definem quatro quadrantes, diferenciáveis pelos padrões do desenvolvimento econômico e das liberdades políticas.

                 Por definição, desempenho socioeconômico satisfatório, incorporando os grades desafios do mundo atual, compreende:

·         Eficiência produtiva, em seu sentido convencional.

·         Capacidade de competição em ambiente multipolarizado.

·         Eficácia alocativa, abrangendo a realização do desenvolvimento sustentável.

·         Justiça distributiva, altos índices de desenvolvimento humano e social.

                 Por definição, liberdades políticas amplas compreende:

·         Liberdade de expressão e de reunião.

·         Liberdade de ir e vir.

·         Liberdade de organização e de empreendimento.

                 Os quadrantes A, B e C sintetizam posições distanciadas do objetivo-síntese definido pelo quadrante D: a realização de satisfatório desempenho econômico, em ambiente de amplas liberdades políticas.


 7     CONCLUSÃO



Como exemplo, podemos citar a instabilidade global aprofundada pela sensação de insegurança generalizada, ligada aos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e aos novos conflitos armados subseqüentes, como a invasão e ocupação americana do Afeganistão a partir de 2001, e a Invasão do Iraque em 2003, seguida da ocupação permanente deste país. A militarização de extensas regiões do globo e a redefinição do papel da OTAN, foi acompanhada do surgimento de novas tensões estratégicas entre EUA e Rússia - envolvendo o projeto de um escudo antimísseis americano -, além do terrorismo na Ásia Central, acabaram produzindo novas alianças internacionais como a Organização de Cooperação de Xangai em 2001. A crise econômica de 2007-2008 reforçou a percepção de instabilidade intrínseca ao Sistema Internacional, especialmente diante de novos conflitos geopolíticos como a Guerra da Geórgia em 2008.

As atuais guerras, crises e as mudanças na geopolítica do petróleo, dos recursos naturais e humanos, parecem indicar que a Geopolítica continuará sendo uma abordagem relevante para interpretar a realidade global.




8     REFERÊNCIAS



ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. 20 ed. São Paulo: Atlas, 2003.



PETRELLA, Ricardo. Os principais desafios econômicos da mundialização atual. Economianet. Publicado em 01 de dezembro de 2003. Disponível em: <http://www.economiabr.net/2003/12/01/mundializacaoatual.html>. Acesso em 08 de maio de 2011.



SOUZA, Silvio Araújo de. A Reorganização da economia mundial. Mundo Vestibular. Publicado em 26 de maio de 2008. Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/articles/4269/1/A-REORGANIZACAO-DA-ECONOMIA-MUNDIAL/Paacutegina1.html>. Acesso em 08 de maio de 2011.

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