segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

METODOLOGIA CIENTÍFICA: O CONHECIMENTO



UMA ABORDAGEM SOBRE A FILOSOFIA SEGUNDO LUCKESI

Trabalho apresentado ao Curso de Administração da UNEF – Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana, para a disciplina de Metodologia Científica.

Profª. Maria da Conceição Nogueira

Feira de Santana - BA
2010.2



1 INTRODUÇÃO


O conhecimento é o ato ou efeito de prescindir opiniões ou noção de alguma coisa; pode ser a absorção das informações sobre as leis, um fato, um documento, termos de recibo ou nota em que se declara o aceito de um produto ou serviço. O conhecimento é saber, é buscar clareza de uma idéia, da descrição, de hipóteses, de conceitos, de teorias, de princípios e de procedimentos que são úteis ou verdadeiros.

O conhecimento não pode ser inserido num computador por meio de representação, pois neste caso seria reduzido a uma informação. Assim, é certo afirmar que não existe uma “base de conhecimento” num computador. No máximo, podemos ter uma “base de informação”, que é possível processá-las e transformar o seu conteúdo, o que chamamos de “base de dados”.

A informação está associada à semântica e o conhecimento está associado com a pragmática, ou seja, que se relaciona com alguma coisa existente no “mundo real” do qual temos uma experiência direta.

Do vários tipos de conhecimentos partindo do estudo do mesmo, a chamada gnoseologia, o conteúdo deste resumo irá abordar o Conhecimento Filosófico, que está mais ligado à construção de idéias e conceitos, na busca das verdades do mundo por meio da indagação e do debate. Baseado na obra de Cipriano Luckesi, do livro “O Conhecimento: significado, processo e apropriação”, deixo registrado um resumo de cada capítulo para aguçar o leitor a buscar a compreensão na prática do exercício do filosofar.

“Se a filosofia é uma forma de conhecimento, (...) cabe, em primeiro lugar, saber consciente e criticamente o que ele é” (pag. 14). Luckesi tenta estabelecer para o leitor uma forma de entendimento sobre o conhecimento que abranja os elementos da reflexão, iniciando pelo seu conceito, passando, sucessivamente, por seu processo, sua origem, até chegar à questão de sua apropriação.


2 ESQUEMA

O livro “O conhecimento: significado, processo e apropriação” de Luckesi segue um esquema interessante:

1.1 SIGNIFICADO:
- É uma forma de Filosofia;
- É elucidar a realidade e desvendar;
- É buscar e desvelar um sentido;
- É a compreensão da realidade;
- É o esforço da investigação.

1.2 PROCESSO DE PRODUÇAO:
- Construção a partir dos fragmentos da realidade;
- Investigação profunda;
- Verificação específica;
- Testar as idéias asseguradas;
- Construir a explicação.

1.3 APROPRIAÇÃO:
- Tomar posse de um entendimento;
- Compreensão do mundo exterior;
- DIRETA (produção própria do conhecimento);
- INDIRETA (compreensão da realidade através do conhecimento produzido por terceiros).


A partir desse esquema, foi desenvolvido esse conteúdo que aborda sobre o Conhecimento Filosófico. Iremos ver resumidamente os passos que nos levam a assimilar os fatos e compor o conhecimento que buscamos.


3 UMA APROXIMAÇÃO CONCEITUAL DO CONHECIMENTO

“A pergunta para a qual vamos tentar dar uma resposta é: o que é conhecimento?” (pag. 14).

Há uma questão metalingüística quando buscamos conhecer o conhecimento. As respostas não são meramente algo que extraímos dos livros ou que aprendemos nas escolas, e sim, algo que vai muito além de nossa visão. Luckesi afirma que o conhecimento é trazer à luz a realidade, aquilo que já existe ou provar uma hipótese, de forma densa e precisa, para que o contexto possa estar claro, inteligível e cristalino. O indivíduo tem que aceitar desafios e penetrar no obscuro de uma tese para tirar o véu dos conceitos que se escondem por detrás do mistério, que é a parte incompreensível de um fato.

Para se ter o conhecimento, o indivíduo precisa se munir de elementos para desfragmentar um fato. São eles:

1. Um sujeito: que já conhece;
2. Um objeto: que já é conhecido;
3. Um ato de conhecer: que é o caminho;
4. Um resultado: que é a compreensão.

O conhecimento procede de um empenho de verificação minuciosa e precisa para que o indivíduo não tenha dúvidas a respeito do que busca. “Só depois de compreendido em seu modo de ser é que um objeto pode ser considerado conhecido” (pag. 18).


4 PROCESSO DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

A consideração final e explicativa de um fato não se encontra totalmente pronta. É preciso construir a partir dos pedaços encontrados na realidade. Para isso, é preciso entrar no processo da busca incansável e minuciosa até trazer à luz uma resposta clara. A hipótese é o primeiro passo, o desafio de dissecá-la é o segundo. Isso pode levar tempo, pode levar anos, dependendo do que se quer alcançar.

A Administração levou-se anos de pesquisas cientificamente calculadas para se chegar a uma prova de como organizar eficientemente as empresas. Temos como exemplo o fundador da Administração Científica, Frederick Taylor, que passou anos estudando minuciosamente cada movimento dos funcionários, os talentos de cada um deles, as aptidões, as necessidades, etc. Taylor manteve o foco na sua pesquisa, na busca incansável para entender o porquê de uma produção baixa, sabendo que todos poderiam fazer muito mais do que o esforço exigia. Mais tarde, depois que Taylor encontrou todas as respostas e batizou todas as soluções para um desenvolvimento melhor na produção das indústrias, se preocupando mais com a parte profissional do que a social, Elton Mayon “dissecou” esses conceitos e formulou novas hipóteses para um desenvolvimento ainda maior e melhor, buscando o conhecimento do comportamento humano nas empresas, se preocupando mais com a parte social do que a profissional. Elton Mayon levou anos pesquisando o que poderia acrescer nos ambientes de trabalho, tais como iluminação, intervalos para descanso, lanches, redução de horários, relacionamentos interpessoais, etc. Nesses exemplos, parece haver uma guerra entre Taylor e Mayon, mas o que explica a atitude de ambos foi a busca do conhecimento, a investigação intensa. O que havia em comum entre eles? Eles precisavam saber o que tanto influenciava a baixa produção nas indústrias.

“Portanto, a produção de conhecimento exige trabalho” (pag. 27). Tem de haver dedicação, coragem, desempenho, atenção e disciplina para alcançar a resultados explicativos e de forte significado. Os exemplos citados mostram a disciplina e dedicação por meio de uma proposta metodológica.


5 A QUESTÃO DA APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO

A apropriação do conhecimento é tomar posse de um entendimento de um acontecimento real através das informações, que deverão ser desfragmentadas para se compreender o mundo exterior.

Segundo Luckesi, existem duas modalidades de apropriação:

5.1 Direta – quando o sujeito está diante do desafio de buscar o novo e se esforça em desvendar o seu sentido. No exemplo dado sobre Fayol, há essa modalidade direta, porque houve um esforço metódico. Havia algo novo a ser criado e que poderia dar certo. Ninguém havia tomado essa iniciativa, e hoje as organizações agradecem esse estudo e descoberta.

5.2 Indireta – quando o sujeito está diante do desafio de “dissecar” o que já existe, na tentativa provar o contrário ou complementar algo mais e que possa significar muito para si e para os outros. No exemplo dado sobre Mayon, há essa modalidade indireta, porque houve dúvidas no comportamento dos funcionários. Mesmo sabendo que os fundamentos de Fayol mudaram para melhor a produção na indústria, Mayon enfrentou essa tese e conseguiu provar que o homem é muito mais que uma máquina de fazer empresas crescer, e que o tempo provaria com as mudanças que esse comportamento não iria dar certo.

A apropriação do conhecimento não se fará espontaneamente. Tem de haver a curiosidade, a iniciativa, a coragem, a disciplina, os leques de probabilidades, a humildade em perguntar e a prepotência (no bom sentido) de argumentar quando se sentir seguro.


6 CONCLUSÃO

Luckesi nos ensina como tomar contato com três questões que envolvem a discussão do sentido do conhecimento: o significado, o processo e a apropriação. Saber lidar com essas questões desenvolve a inteligência do indivíduo e o prepara para debater sobre o assunto sem medo de ser rejeitado.

O livro de Luckesi explica a importância e a necessidade de se obter o conhecimento, sobretudo o conhecimento científico, metodológico, para que se tenha uma visão verdadeira das coisas e acontecimentos que nos cercam. O livro prepara nosso organismo para distinguir com clareza as idéias, desfragmentar informações, acolher e escolher as respostas e dominar os fatos com segurança.

O conhecimento vai além da nossa visão espontânea. Ela alcança horizontes que o indivíduo ainda não alcançou, mas que está dentro de suas possibilidades de alcançar: basta ter a iniciativa, como dito. Através desta iniciativa, do interesse de ir além, o indivíduo vai encontrar as respostas e a compreensão, independente de seus recursos. Claro que quanto maior os recursos, maior serão as possibilidades e a agilidade em adquirir respostas. E uma vez tendo a compreensão à base dessas respostas, podemos concluir que o indivíduo por si só sentir-se-á satisfeito.


7 REFERÊNCIAS

WIKIPÉIDA. Conhecimento. Disponível em . Acesso em 30 de setembro de 2010.

LUKESI, Cipriano C.; PASSOS, Elizete Silva. O Conhecimento: significado, processo e apropriação. Introdução à filosofia: aprendendo a pensar. 3ed. São Paulo: Cortez, 2000.

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