terça-feira, 30 de julho de 2013

ÉTICA E CIDADANIA: OS PARADOXOS DA CIÊNCIA E DA MORAL

UNIDADE DE ENSINO SUPERIO DE FEIRA DE SANTANA – UNEF
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
ÉTICA E CIDADANIA
PROFª. GILSIMAR CERQUEIRA
12 ABR. 2012

EBERVAL CALAZANS SANTOS E LÍVIA A. ANDRADE

OS PARADOXOS DA CIÊNCIA E DA MORAL

ESPÍNDOLA, Arlei. Jean-Jacques Rousseau: ciência, progresso, e corrupção moral. São Paulo: Argumentos, 2012.

Arlei Espíndola, Professor de Graduação e do Programa de Mestrado em Filosofia da Universidade Estadual de Londrina, Paraná, também Mestre e Doutor em Filosofia pela UNICAMP/SP, desenvolveu um artigo culto progressivo sobre o conhecimento e o âmbito moral, político e econômico sob as vistas holísticas e agressivas de Jean-Jacques Rousseau. Seu objetivo atinge questionamentos radicais a respeito dos paradoxos dos conceitos de liberdade, moral e igualdade, como também desperta ao leitor tanto ao sentimento de prisão dentro de si quanto à liberdade num mundo quase inexistente.
O autor traça uma linha tênue que descreve perfeitamente a margem transcendental dos enigmas que vai desde o sentimento de negativismo interior ao positivismo não externado e reprimido pelo medo, oprimido pela sociedade, deprimido pela impotência de agir, comprimido pela política cultural e imprimido em sua forma de falso moral. Espíndola cita Rousseau no Discurso sobre as ciências e as artes na parte em que denuncia “a dissolução dos costumes, com o estabelecimento da mentira, da falsidade, do porte de máscaras” (ESPINDOLA, 2012, p. 90) e mesmo assim o admira por ele admitir que “se conta com perfeita compatibilidade entre ciência e virtude” (ESPINDOLA, 2012, p. 90). A virtude o qual o autor se refere é o conhecimento híbrido, insaciável, conceituoso da verdadeira razão, imparcial, saudável, ilimitado, respeitoso e que alimenta o espírito, sendo ela “uma produção humana boa em si mesma” (ESPINDOLA, 2012, p. 90).
O autor cita sua controvérsia sobre a ciência ao perceber que Rousseau teme o conhecimento de forma primitiva, podendo abrir espaço para o descontentamento e acender uma desarmonia e tensão entre racionalidade e felicidade. Nesse momento o exercício do espírito condiz-se com a natureza humana, na busca da felicidade dentro do âmbito social que se encontra em sua relação com os ditames da natureza, na busca de perguntas sobre as coisas relacionadas a eles mesmos, porque tanto o corpo quanto o espírito tem suas necessidades. Apesar do medo, o ser humano é muito curioso, e pode estar em busca de vãs e infrutíferas especulações, desperdiçando seu tempo com o abstrato da filosofia genérica em vez de apetecer-se do substantivo concreto e entender as exigências definidas pela natureza.
Espíndola atenta para a reflexão sobre a riqueza intelectual versus a riqueza material, o qual esse último é o peso que se estende na proporção em que a participação inteligente no bloqueio ao conhecimento favorecido manifesta através dos caminhos desvirtuosos da ganância. A inteligência é usada de forma sábia para gerar o luxo, mas perde-se quando a busca pelo luxo sobrepõe a aplicação da inteligência. O pré-conceito batizado à cultura, atrelada às artes e até mesmo às ciências, associada ao luxo, limita o acesso aos homens que exercitam sua moral na deriva do transparecer do que é requintado, dado de herança aos inteligentes. O autor esclarece: “habitualmente, o luxo costuma andar passo a passo com o cultivo das ciências e das artes, sendo difícil até mesmo ambos aparecem separados um do outro” (ESPINDOLA, 2012, p. 95). Isso dá ao homem a liberdade para construir o comércio, na busca frenética pelo luxo, pelo dinheiro, pelo acúmulo desmedido de propriedades; ao mesmo tempo, o despotismo religioso dá ao homem a sensação de prisão, de impotência em construir seu templo, e tenta encaixar o luxo nos caminhos eclesiásticos para que não reconheça que tudo que for promovido pela indústria da riqueza e do comércio seja quimeras, seja meras necessidades artificiais.
O autor cita Voltaire em seu paradoxo, que oras julga o luxo como ser tudo para o homem e para a construção da liberdade e da grandeza do Estado, oras julga o luxo como algo supérfluo, utilizada somente para a prisão de desejos desnecessários e elevação do Estado.
Segundo o autor,
“Rousseau considera que o luxo carrega consigo um terrível paradoxo visto que até pode revelar um quadro de riquezas, e servir, inclusive, para multiplicá-las. Mas qual lugar é reservado à virtude e a honestidade , entretanto, se é imposta a lógica, arbitrariamente, de enriquecer-se a qualquer preço? Tal forma impositiva torna o luxo o grande responsável pela dissolução completa dos bons costumes e pelo desaparecimento da paz entre os homens na sociedade” (ESPINDOLA, 2012, p. 97).
Entretanto o autor considera que é mais válido conservar os cidadãos no tempo e revelar-lhes virtuosos do que se fazerem espetaculosos e populares, porém vulneráveis, e que o dinheiro não seja o catalisador dominante no seio da sociedade. Espíndola sugere que as influências também provêm da padronização da cultura, das produções artísticas, dos costumes e da união de pessoas através de suas semelhanças nas preferências. Porém o desprezo da virtude reduz o reconhecimento e importância da figura cidadão e homem útil no espaço público, gerando a desigualdade social.
O autor deixa mais um paradoxo baseado no diagnóstico parcial de suas conclusões sobre o valor agregado à riqueza material e a desvalorização agregada à riqueza intelectual, forças construtoras do espaço que une as vantagens e os dissabores da cultura que favorece o Estado, sendo “esse mundo que tanto incentiva a indústria, o comércio, o dinheiro, o lucro, o luxo, o requinte, as superfluidades, faz mesmo crescer o contingente de pobres e marginalizados(...)” (ESPINDOLA, 2012, p. 100).

É importante como se aplica o conhecimento do estudo social, do comportamento psico-cultural humano, do comportamento sócio-econômico e da conduta espiritual para definir o bem-estar de uma sociedade, revelando os paradoxos de forma nua e crua nesta guerra de pré-conceitos do que é bom ou ruim, do que é certo ou errado, do que é ético ou imoral. A liberdade se conclui na felicidade do homem em estar satisfeito, longe do julgamento dos outros, nos limites impostos por sua natureza humana, sem que esse agrida a de outros; está no melhor da utilização de sua inteligência para progredir espiritualmente, aceitando todos os fatos como uma fase mutável de sua vida.

Um comentário:

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