UNEF - UNIDADE DE ENSINO
SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA
DISCIPLINA: OSM - ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS
TURMA: ADMINISTRAÇÃO 3º
SEMESTRE
DOSCENTE: PROFESSORA
ALESSANDRA BASTOS
Um filme de Mike Judge, lançado em 1999, numa época de nova economia e
das explosões de empresas de internet nos EUA, retrata de forma comediante o
comportamento de dois empresários da Califórnia. O primeiro é acionista de uma
empresa de rede de internet que dá suporte a um banco; o segundo é dono de uma
lanchonete que vende a imagem da alegria em vender lanches. Nessas empresas,
estão os operários, obrigados a vender sua força de trabalho de forma dinâmica,
proativa e com eficácia, a base de falta total de motivação e recompensa, tendo
que aceitar o comportamento estranho do ambiente, “engolindo” toda e qualquer
retaliação, para não serem demitidos, porque precisam pagar suas contas.
Se formos comparar isso com a filosofia de Karl Marx, que abordou sobre
“o trabalho estranho” (1844) como sendo a característica essencial da atividade
do trabalho na sociedade capitalista, veremos nitidamente a que “o homem que
trabalha está alienado do produto e do processo de sua atividade de trabalho,
além de estar alienado de si e de outros”. Essa condição impede o
desenvolvimento do Ser genérico do homem por causa dos obstáculos implantados
por quem estão no poder, e aceito por toda a sociedade, logo implantada
historicamente, e que atualmente vêm rompendo esses paradigmas cada vez mais e
com velocidade crescente.
Apesar de abordar de forma séria essa problemática social, o filme foi
retratado de forma comediante. Quem
ainda passa por essa situação, que ainda insiste em existir, se identifica e
talvez repense sobre seus próprios valores. O autor do filme descreve
ironicamente o comportamento infeliz do funcionário chamado Peter Gibbsons, um
programador de computadores da empresa Initech Corporation, que tem seu
cotidiano mecanicamente padronizado, estressado pela rotina e oprimido pelo
chefe. De repente, depois de uma sessão de hipnoterapia, seu comportamento e
atitudes mudam radicalmente, passando a descumprir horários, agindo de forma
contrária e vingativa do que foi determinado. O mais interessante é o fato de
ser elogiado por especialistas em produtividade na medida em que se rebelava,
ganhando até uma promoção a gerente num período em que vários colegas de
trabalho são demitidos.
Há também um personagem de fundo, Milton Waddams, que não é visto com
dignidade nem pelo chefe e nem pelos próprios colegas, que verdadeiramente
trabalha e com a parte mais importante da empresa: a contabilidade. Esteve sendo transferido todo dia de lugar
até alocar no porão do escritório, além de ser passado pra trás até na hora de
pegar um pedacinho de bolo do dia do aniversário do chefe. A única coisa que
ele questionava era o salário atrasado e a necessidade de estar num local em
que não pudesse ser incomodado, porque ele lidava com muitos papeis e contas.
Esse personagem também manifestava insatisfação pelo trabalho, levando com
paciência as injustiças até que um dia ele, o mais disciplinado dos
funcionários, chegou ao seu limite e tornou-se o responsável pela perda total
de toda uma empresa, incendiando-a e roubando um envelope que continha mais de
U$ 500 mil dólares, passando a acreditar que só assim as coisas se resolvem.
Nos dias atuais, podemos comparar isso com a nova onda de trabalhadores
revoltados e pré-fabricados, que já entram na empresa com um comportamento
bipolar: no início entra com toda a motivação, com a intenção de mostrar
serviço, e quando se depara com a falta de valorização pessoal, reconhecimento
profissional, alimentação de incentivos, esse mesmo funcionário pode
representar ameaças para empresa. Na maioria das vezes, esses tipos conhecem a
fundo por onde correm as “veias” e podem num só golpe cortar uma “artéria” da
companhia, fazendo-a desestruturar consideravelmente.
O filme ainda desenvolve-se com uma série de personagens curiosos que
traduzem um complexo de afetos contraditórios, como a insatisfação e o medo de
perder o emprego e, por outro lado, o comodismo crônico e a expectativa de
fazer carreira e ser promovido. Mesmo assumindo-se o ócio, os personagens
demonstram indignação com a fiscalização do chefe, que chega perguntando “o que
é que está acontecendo”. Tanto faz-se injusta a autocracia excessiva do chefe
como a faz-se injusta a retaliação dos funcionários.
Outra parte interessante do filme, para não esquecer, foi quando o trio
Peter, Michael e Samir, indignados com a máquina de Xerox, que nunca funcionava
quando eles mais precisavam dela, a seqüestram no prota-malas de um carro e
depositam na beira de uma rodovia, na saída da cidade, e a espancam, liberando
todo stress num objeto como se fosse
um criminoso humano consciente (nota: quem nunca sentiu esse desejo? Eu já!),
valendo até taco de baseball e socos
desferidos.
Peter, o personagem principal, passava a mensagem de que a honestidade
não leva ninguém a lugar algum, e que somente transgredindo a lei é que se
consegue ficar rico na América. Hoje há pessoas que ainda, mesmo com tanta
tecnologia, procura burlar formas de golpear a empresa para garantir seu lucro.
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